domingo, 14 de abril de 2013

Entrevista: Rodriguinho

Novo DVD de Rodriguinho traz um filme
com a vida do cantor./Foto: Pedro Zuazo
Rodriguinho apareceu para o Brasil no final dos anos 90 integrando o grupo de pagode Os Travessos. Em 2004 seguiu carreira solo. Hoje, aos 35 anos, além de cantar e compôr, atua como produtor. Em turnê com o novo CD ''O mundo dá voltas'', ele já é sucesso nas rádios com a música homônima em parceira com o rapper MV Bill. Abaixo você confere a entrevista exclusiva que ele deu ao blog do Caio Fiusa, onde fala das mudanças na carreira e do novo trabalho.

Caio Fiusa: Queria que você começasse falando sobre a sua nova turnê.

Rodriguinho: Estou com a minha nova turnê ''O mundo dá voltas'' e basicamente todos os shows consistem na mesma apresentação. Eu diminuo somente quando a casa de show não suporta minha estrutura. Eu estou trabalhando uma fonte de interação, porquê ''O mundo dá voltas'' é um filme da minha infância, da minha vida. Eu tento levar isso para o palco com os clipes. Estou levando isso para a estrada para galera ver o que vai ser o DVD.

CF: Como surgiu a ideia de fazer um filme através dos clipes?
  
Rodriguinho: Foi uma ideia minha. Videoclipe traduz a música e hoje em dia o comércio não é tão grande. Não existe muito isso de vender o videoclipe. Você vê mais na televisão, ele é tratado como um bônus e eu estou querendo tratar como um trabalho de carreira. O DVD tem 13 músicas, sendo 10 videoclipes e 6 formam um filme com continuidade.

CF: E o convite para a participação do MV Bill?

Rodriguinho: Eu sou paulista e a veia do rap, hip hop, r&b é muito forte aqui. Sempre gostei muito e tento colocar no meu trabalho. Quando eu escrevi a música, achei que no final eu precisava de um rap. Achei que era a hora para juntar com alguns nomes do rap. No ''O mundo dá voltas'' foi o MV Bill, que eu acho que é um dos maiores nomes do rap nacional. No ''Minha Diretriz'' foi o Pregador Luo, que é o maior rapper gospel. Tem o meu irmão também, ele canta uma outra música. Então achei que era a hora para essa abertura, é um trabalho mais maduro, não é uma onda. Quando as coisas estão acontecendo no momento, em ascensão, tudo parece onda. Era uma hora legal até para chegar nas pessoas e pedir para cantar junto já com uma base.

CF: Você tem feito parcerias com artistas de diferentes estilos musicais, caso do MV Bill agora e o Léo Santana. Isso mostra que hoje você não está preso a somente um gênero musical?

Rodriguinho: Em relação ao estilo musical não tenho uma preferência. Todas as músicas em que participo, são minhas. Não fujo do meu estilo. Só participo se tiver a ver comigo. Quando me chamam para participar, peço para fazer a música. Por isso acho que a parceria com o Léo Santana foi muito legal, com o MV Bill a música já estava pronta, ele veio fez o rap e abrilhantou mais ainda. O Thiaguinho é meu parceiro de composição, então não tem nem o que falar.

CF: Você acabou de voltar de viagem dos EUA. Como foi lá?

Rodriguinho: Eu estava de férias. Aproveitei para gravar um clipe, já que a atriz foi junto e filmamos em Los Angeles e Las Vegas. Vai ficar muito rico esse trabalho em relação a imagem, captação, tem muita coisa boa. Faço alguns shows lá, mas nunca para esses lados, é sempre Nova Iorque, Nova Jérsei e Miami, que tem a concentração de brasileiros.

CF: Hoje você já trabalha como produtor também, inclusive na carreira do seu irmão. De onde veio essa vontade e como tem sido a experiência?

Rodriguinho: Na realidade a vontade de ser produtor veio quando eu comecei a compôr, porque algumas músicas não ficavam do jeito que eu queria. Quando você compõe uma música você pensa no final dela, em como ela vai ficar gravada e geralmente não acaba ficando. Comecei a me dedicar, produzi alguns artistas e foi dando certo. Hoje divido a produção com o Wilson Prateado, que foi quem me ensinou 90% do que eu sei. O disco do meu irmão era para ser uma produção minha, mas chamei ele (Prateado) por causa da experiência, know-how, pelo nome. É bom porque você sabe o que quer e o trabalho fica com a sua cara. Conheço meu irmão muito bem, então sei até aonde posso ir com ele. A função do produtor é conhecer o produto com o qual está trabalhando. Tem muito produtor que transforma o artista no que ele (produtor) pensa, não no que o artista é. Eu procuro estudar o artista para manter uma linha. Isso melhora na minha composição e na apresentação.

CF: Quem vê o Rodriguinho hoje e compara com a época de Os Travessos percebe uma mudança na aparência. E na sua personalidade, o que mudou?

Rodriguinho: Tudo vai mudando. Você vai ficando adulto, são 35 anos de idade e 25 de carreira. Uma hora você tem que se assumir e fazer o que você deseja, não o que a mídia quer. No Os Travessos tinha aquele lance com as meninas de ser tipo um sex symbol, hoje eu não penso mais nisso. Se vier, é consequência, meu foco é na música.

 CF: Percebe um público renovado ou ainda tem bastante gente da época de Os Travessos?

Rodriguinho: É bem diferente hoje. No Os Travessos tinham muitas meninas, o grupo tinha um formato boy band, né? Era muita mulher. Os homens não curtiam muito. Hoje meu público masculino é muito forte, gostam muito do som e eu percebo que quando vão ao show é por causa do som. As músicas que seguram o público. Aquelas menininhas que curtiam antigamente, hoje já são casadas com filhos e levam os maridos. Deu uma mudada. Eu, particularmente, gosto muito mais do público atual.

CF: Você ainda canta as músicas de maior sucesso do grupo, sempre as coloca nos shows?

Rodriguinho: Não tem como não cantar. Não quero fugir disso. O Rodriguinho existe por causa disso. Procuro levar Sorria que eu estou te filmando aonde quer que eu vá.

CF: Em relação ao Os Travessos, hoje você acha que o samba e o pagode são mais aceitos?

Rodriguinho: Hoje é muito aceito. Todas as classes curtem. Da minha época para cá está muito melhor. Apesar disso, os que estão fazendo sucesso são os de sempre. A gente acaba se renovando dentro da nossa carreira. Não teve uma grande revelação nos últimos cinco anos. O último foi o Turma do Pagode, mas não é novo. Eu que sou de São Paulo já conhecia há tempos.

CF: Em uma declaração, o Thiaguinho disse que contribuiu para a história do samba e isso gerou muita polêmica. Você acha que distorceram o que ele quis dizer?

Rodriguinho: Distorceram o que ele disse. Ele contribuiu sim, não tem como negar. Se o samba está nesse nível de cachê, de 150, 200 mil é por causa do Exaltasamba. O grupo abriu esse leque de cachês astronômicos, de levar a massa para curtir, de entrar em todas as classes sociais. O Thiaguinho levanta a bandeira do samba. Ele contribuiu e vai continuar contribuindo, pelo o que eu conheço dele. O Thiago é muito talentoso. Quando alguém está no momento, as pessoas ficam esperando acontecer alguma coisa só para criticar. Ele está provando que é talentoso.

Entrevista realizada por telefone em 10/04/2013
Contato: fiusa.caio@gmail.com

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