sexta-feira, 19 de junho de 2020

Danilo Pereira, o brasileiro preparado para ser a futura joia do Ajax

Brasileiro chegou ao Ajax depois de passagem pela base
do Santos. (Foto: Divulgação Ajax)
Johann Cruijff, Marco Van Basten, Wesley Sneijder, Edgard Davids, Patrick Kluivert, Edwin van der Sar, Ronald e Frank de Boer... A lista de grandes nomes do futebol holandês revelados pelo Ajax é extensa.

Mais recentemente, o maior campeão dos Países Baixos alçou ao time principal o zagueiro Matthijs de Ligt, já vendido à Juventus, e Donny van de Beek. A dupla integrou, junto com o ponta brasileiro David Neres, um time jovem que levou o Ajax até a semifinal da Liga dos Campeões da Europa e às conquistas do Campeonato Holandês e da Copa da Holanda. 

Além de Neres, alvo de gigantes do continente, outro brasileiro chama atenção da comissão técnica do Ajax: Danilo Pereira. Aos 20 anos, o atacante fez ótima temporada em 2018/19 pela equipe B, anotando 19 gols em 33 jogos e aguarda uma oportunidade no time principal. Enquanto isso, o jogador passa pelo processo de adaptação ao novo país. 

''Morei oito meses com uma família holandesa e foi uma experiência boa. Eles sempre me ajudaram em tudo, então sou grato por isso. Eles eram bem tranquilos e não gostavam quando eu colocava músicas brasileiras alto (risos).  Eles 'zoavam' me chamando de morango, em português mesmo, porque é minha fruta favorita e eu sempre pedia. Até na rua eles falavam assim comigo'', disse o jogador em conversa com a reportagem de oGol.  

A adaptação de Danilo também ocorre dentro de campo. O jogador revelou o que tem aperfeiçoado no seu estilo de jogo com o método holandês. 

''Sou um centroavante que gosta de receber a bola, fazer um-dois e receber na frente, fazendo infiltração. A parte da infiltração eu aprendi aqui, porque jogo mais de ponta. Eles pedem para eu correr nas costas dos zagueiros, para receber a bola sem marcação. Quando jogo de centroavante, eu gosto de buscar a bola no meio de campo e tabelar porque assim, vai ter um jogador livre. A filosofia deles é essa: fazer um-dois, receber a bola nas costas dos zagueiros e os meias chegarem na área''.  

Bagagem em grandes clubes do Brasil

Antes de chegar na Europa, em 2017, Danilo rodou por alguns clubes brasileiros. O início foi na Portuguesa, onde ficou cinco anos. Em 2010, a mudança para o Corinthians, onde atuou por mais cinco temporadas até ser dispensado. 

No currículo constam ainda rápidas passagens por Ponte Preta e Vasco, até chegar ao sub-17 do Santos. No Alvinegro Praiano, se destacou no Paulista Sub-20, com sete gols e sete assistências e despertou a atenção do clube holandês. O jogador comparou as categorias de base do Brasil com a do Ajax.

''A base brasileira tem muitos talentos, mas acho que queimam etapas. Você tem que primeiro preparar, para depois lançar. Aqui eles apostam muito na juventude, então fazem um trabalho muito bom e sério. Eles chamam os atletas após o treino e mostram o que e como melhorar. Isso tem uma grande diferença e você nunca pode queimar etapa, sempre sobe degrau por degrau. Ele pensam na sua parte física, modo de jogo e como te fazer evoluir para que consiga chegar ao topo".

Processo comum a todos os jovens da academia, o Ajax preocupa-se em manter seus jogadores na escola e Danilo não é exceção. Embora garanta estar totalmente focado no objetivo de se tornar jogador do time principal, o atleta reconhece a atenção que o clube dá aos estudos. 

''Eles sempre falam que o estudo é essencial, porque você tem que ter um segundo plano, até por isso, tem a escola dentro do clube''.

Danilo Pereira mantém uma relação próxima com David Neres, amigo com quem está sempre junto e serve de exemplo. Mas o jovem jogador revela que construiu amizade com outra promessa brasileira na Holanda: Mauro Junior, meia do PSV que atualmente está emprestado ao Heracles Almelo. 

''A gente conversava mais antes, agora nem tanto por conta da correria que está aqui, mas temos contato e combinávamos de sair. Ele é uma pessoa muito boa''. 

Em junho, o Brasil foi campeão do Torneio de Toulon, na França. A competição contou com atletas Sub-23. Danilo não esteve no grupo, mas garante que isso não o abalou e espera vestir a amarelinha em breve. 

''É o meu sonho. Eu não recebi nenhum contato da CBF, mas não fiquei chateado. Todos que foram convocados estavam preparados e são de ótima qualidade. Estou treinando e tenho que estar pronto para quando a oportunidade aparecer''.  

Atualmente, o Ajax B disputa a segunda divisão holandesa. A equipe já jogou duas partidas. Na estreia, foi derrotado pelo FC Oss, por 2 a 1, e na última rodada empatou com o NEC, em 3 a 3. Danilo Pereira participou dos dois jogos, ambos vindo do banco, por 46 minutos, sem marcar gols.  

*Matéria publicada em ogol.com.br em 04/09/2019

Com o pior resultado no Pan em 48 anos, Cuba tem estrada a percorrer

Cuba liderou boxe e judô, mas terminou em 5º no quadro
geral. pior posição desde Winnipeg-1967. (Divulgação)
*Com Jonas Moura 

Se o Brasil estabeleceu marcas positivas nos Jogos Pan-Americanos de Lima, encerrados no domingo, como seu recorde de pódios (171) e medalhas de ouro (55), Cuba seguiu caminho inverso e selou a pior campanha em 48 anos.

Em baixa, o país tinha planos de melhorar na capital peruana o desempenho de Toronto-2015, mas, apesar de totalizarem um pódio a mais do que naquela ocasião, os cubanos não atingiram o objetivo, já que levaram três ouros a menos.

Eles encerraram a participação em quinto lugar, com 98 medalhas, sendo 33 de ouro, 27 de prata e 38 de bronze, uma posição abaixo de quatro anos atrás, quando faturaram 97 (36 ouros, 27 pratas e 34 bronzes).

A campanha não era tão modesta desde Winnipeg-1967, quando o país terminou em sexto. Entre Cali-1971 e Guadalajara-2011, Cuba não ficou nenhuma vez fora do top-2, abastecida por investimentos no setor desde a ascensão de Fidel Castro ao poder, em 1959. O líder, que morreu em 2016, fez do esporte bandeira política. Mas a falta de recursos mudou o cenário.

As maiores conquistas em Lima foram nas lutas, em disputas nas quais os cubanos ainda conseguem ser dominantes. No boxe, eles foram os maiores vitoriosos, com oito ouros, além de uma prata e um bronze.

No judô, o país também liderou. Foram 12 pódios, sendo cinco ouros, duas pratas e cinco bronzes. A luta olímpica ajudou a elevar os cubanos no quadro de medalhas, com cinco ouros, duas pratas e nove bronzes. Ficaram em segundo neste esporte.

– Somos os melhores do mundo. Estamos sempre prontos para fazer o nosso melhor. Sinto muita pressão, porque você está sempre se preparando para competir e não sabe se pode dar errado. Há muita tradição em Cuba. Temos muitos campeões e a próxima geração quer se tornar campeã – afirmou o boxeador cubano Julio Cesar La Cruz Peraza, que conquistou o ouro na categoria até 81kg, após derrotar o brasileiro Keno Machado na decisão, e dedicou a conquista a Fidel e ao povo cubano.

Apesar do sucesso em ringues e tatames, o número menor de medalhas douradas fez Cuba ser ultrapassada pelo México, terceiro colocado.

Tradicionalmente entre os três maiores campeões pan-americanos, a ilha caribenha atingiu o auge de conquistas em casa, em Havana-1991, quando liderou, com 140 ouros, quase o dobro dos 75 ganhos em Indianápolis-1987, quando foram 265 no total. Agora, se despedem fora do top 3 pela segunda edição seguida.

Paralelamente à crise econômica, um dos motivos para o declínio é o fato de que o governo proibiu durante anos os atletas que atuassem no exterior de defender o time cubano. A Seleção Brasileira de vôlei, por exemplo, conta com o ponteiro Leal, que pediu a naturalização em 2015. Ele se aproximou da nação após passagem vitoriosa no Sada Cruzeiro, clube pelo qual se sagrou tricampeão mundial de clubes (2013, 2015 e 2016).

Desde 2015, o governo passou a flexibilizar as normas e aceitou atletas que competem no exterior. Os que fugiram ainda são proibidos, mas puderam, finalmente, voltar para visitar as suas famílias.

No fim de 2018, o esporte cubano celebrou uma vitória, fruto de negociações do governo de Barack Obama. A Federação Cubana de Beisebol fechou acordo com a Major League Baseball (MLB), para que jogadores da ilha pudessem defender equipes americanas, algo que o embargo a Cuba não permite. Mas, em abril deste ano, o presidente Donald Trump vetou a medida.


Queda é maior em Jogos Olímpicos

A queda de Cuba é ainda mais evidente nos Jogos Olímpicos. O ápice também aconteceu no início dos anos 1990, em Barcelona-1992, quando terminou em quinto lugar, com 14 medalhas douradas e 31 no total. Porém, desde os Jogos realizados na Espanha, a nação nunca mais figurou entre as principais potências esportivas. E ficou fora do top-10 a partir de Atenas-2004.

O país se despediu da Rio-2016 na 18 colocação geral, com 11 medalhas: cinco de ouro (três no boxe e duas no wrestling), duas de prata (uma no judô e uma no wrestling) e quatro de bronze (três no boxe e um no atletismo). Já em Londres-2012, encerrou em 16, com 15 (cinco ouros, três pratas e sete bronzes).

É difícil imaginar que Cuba possa voltar a figurar entre os dez primeiros no quadro geral de medalhas na Olimpíada de Tóquio-2020. A meta mais palpável ainda será superar o desempenho da Rio-2016. Já seria um pequeno passo no processo de uma árdua reconstrução no país.

Cuba nos últimos Jogos Pan-Americanos

LIMA-2019: 33 ouros - 27 pratas - 38 bronzes - 98 no total - 5º lugar 
TORONTO-2015: 36 ouros - 27 pratas - 34 bronzes - 97 no total - 4º lugar 
GUADALAJARA-2011: 58 ouros - 35 pratas - 43 bronzes - 136 no total - 2º lugar
RIO-2007: 59 ouros - 35 pratas - 41 bronzes - 135 no total - 2º lugar
SANTO DOMINGO-2003: 72 ouros - 41 pratas - 39 bronzes - 152 total - 2º lugar
WINNIPEG-1999: 70 ouros - 40 pratas - 47 bronzes - 157 no total - 2º lugar
MAR DEL PLATA-1995: 112 ouros - 66 pratas - 60 bronzes - 238 total -  2º lugar
HAVANA-1991: 140 ouros - 62 pratas - 63 bronzes - 265 no total - 1º lugar

Cuba nos últimos Jogos Olímpicos

RIO-2016: 5 ouros - 2 pratas - 4 bronzes - 11 no total - 18º lugar
LONDRES-2012: 5 ouros - 3 pratas - 7 bronzes - 15 no total - 16º lugar
PEQUIM-2008: 3 ouros - 10 pratas - 17 bronzes - 30 no total - 19º lugar
ATENAS-2004: 9 ouros - 7 pratas - 11 bronzes - 27 no total - 11º lugar
SYDNEY-2000: 11 ouros - 11 pratas - 7 bronzes - 29 no total - 9º lugar
ATLANTA-1996 9 ouros - 9 pratas - 8 bronzes - 25 no total - 8º lugar
BARCELONA-1992 14 ouros 6 pratas - 11 bronzes - 31 no total - 5º lugar

*Matéria publicada em lance.com.br e no jornal LANCE! em 14/08/2019

Reconstrução do Manchester United passa pela contratação de cinco promessas europeias

Jovem francês de 16 anos é o novo reforço
dos Diabos Vermelhos. (Foto: Divulgação)
O último domingo foi especial para o Manchester United não só pela goleada de 4 a 0 sobre o Chelsea, na estreia do campeonato inglês, mas também por conseguir vencer forte concorrência pela contratação da joia francesa, Hannibal Mejbri.

O meia-atacante, de apenas 16 anos, havia despertado interesse de Barcelona, Bayern de Munique, Tottenham e Leicester, mas deixou o Monaco para jogar nos Diabos Vermelhos. A transferência vai custar 10 milhões de euros ao gigante inglês, que aguarda a aprovação da FIFA para incorporar o garoto à equipe sub-18.

Mejbri não é a única promessa europeia que vai chegar em Old Trafford nesta janela. O United acertou com mais quatro jovens talentos, todos com 16 anos e vindos de fora da Inglaterra, para as suas categorias de base. 

O mais interessante para os Diabos Vermelhos é que os atletas da lista abaixo não possuíam um contrato profissional e, por conta disso, coube ao gigante inglês pagar a ''training fee'', uma indenização ao clube formador. As taxas são irrisórias para o Manchester United, dado o seu poderio financeiro. Sendo assim, os investimentos são muito atrativos, uma vez que os riscos são baixos. 

Os novos talentos de Old Trafford

Bjorn Hardley, lateral esquerdo que pode atuar tanto como zagueiro quanto ponta esquerda, chega do NAC Breda, da Holanda. O holandês também espera o aval da FIFA para ser oficialmente jogador do sub-18 do United, que vai pagar uma taxa de 90 mil euros pela transferência. 

Também da Holanda chega outro talento: Dillon Hoogewerf. Criado na academia do Ajax, o baixinho ponta direita de 1,65m foi a primeira contratação do Manchester United, por 130 mil euros, nesta janela de verão europeu. Apesar da pouca idade, Hoogewerf já defendeu a seleção da Holanda sub-19. Em Old Trafford, ele é mais um que jogará na equipe sub-18. 

O United também identificou potencial em Mateo Mejia, atacante que pertencia ao Zaragoza e marcou 50 gols na temporada passada na base. Os dois clubes chegaram a ter um atrito antes de selarem o acordo, uma vez que o clube inglês não notificou o espanhol sobre a negociação. Devido a concorrência de Real Madrid, Valencia, Arsenal e Atlético de Madrid, o United aceitou os termos do Zaragoza e a transferência foi fechada em 670 mil euros. 

O último da lista é o goleiro sueco Johan Guadagno. Com 1.83m o jogador chega do desconhecido IF Brommapojkarna, do país nórdico, por valor não divulgado. O novo reforço teve um período de testes no United em janeiro e revelou que também recebeu ofertas de Anderlecht e Internazionale de Milão.

Histórico vitorioso com atletas da base

Todos os reforços para a categoria sub-18 do Manchester United fazem parte do projeto de reconstrução do clube, liderado por Ole Gunnar Solskjaer, técnico do profissional. O sexto lugar na última Premier League ligou o alerta no staff da equipe, que resolveu apostar mais nas categorias de base. 

Foi a partir dos talentos formados pela base que o Manchester United construiu seu reinado na Inglaterra. Sob o comando de Sir Alex Ferguson um grupo de seis jovens jogadores vindos da academia, no início dos anos 1990, eternizou a ''Class of 1992''. 

David Beckham, Ryan Giggs, Paul Scholes, Nicky Butt, Phil Neville e Gary Neville compuseram uma era de ouro para os Diabos Vermelhos, com inúmeros títulos nacionais e uma Liga dos Campeões.

As joias do profissional do United

Atualmente, o elenco principal conta com nove atletas oriundos da base, com diferentes papeis na equipe. Marcus Rashford e Jesse Lingard são titulares de Solskjaer. Scott McTominay e Andreas Pereira alternam entre o banco de reservas e a titularidade. Timothy Fosu-Mensah e Axel Tuanzebe retornam de empréstimo e buscam sequência. Mason Greewood, Tahith Chong e Angel Gomes ainda dão seus primeiros chutes no elenco principal.

Recuperado de pneumonia, Ricardo Lopes busca o tri na Coreia do Sul

Atacante do Jeonbuk Motors não pensa em morar
no Brasil no futuro. (Foto: Divulgação)
Bicampeão nacional e atual líder do campeonato coreano, campeão da Liga dos Campeões da Ásia em 2016, quatro anos de clube com mais de 130 jogos, titular absoluto e ídolo da torcida. Esse é um breve resumo da carreira de Ricardo Lopes defendendo as cores do Jeonbuk Motors, da Coreia do Sul. O atleta que saiu desconhecido do Brasil fez seu nome no país asiático e bateu um papo com oGol

Após se destacar no Globo, do Rio Grande do Norte, Ricardo Lopes foi emprestado ao Fortaleza. Da capital cearense, o atacante aceitou o desafio de defender o Jeju United, da Coreia do Sul. Na Ásia, a adaptação foi rápida e o desempenho dentro de campo, promissor.  

"Minha vinda para a Coreia do Sul foi tranquila. Eu não tive dificuldades em relação aos horários, alimentação e até mesmo com o futebol, que aqui é mais correria e de força física. Quem quer vencer na vida tem que passar por cima disso tudo. Sempre coloquei isso na minha cabeça."

Os 11 gols e 11 assistências nos 33 jogos com a camisa do Jeju United renderam ao jogador uma transferência para o Jeonbuk Motors, uma das potências do país, clube que defende há quatro anos. Nesse período, o elenco do atual bicampeão coreano contou com sete brasileiros. Entretanto, Ricardo Lopes esteve mais próximo dos coreanos, apesar da dificuldade de falar o idioma local.

"Eu convivo mais com os coreanos, as resenhas são com eles. Eu os entendo bastante, mas falar é complicado. Os professores são coreanos, talvez se tivesse um professor brasileiro me ensinando o idioma local, fosse mais fácil. Mas a gente se entende com um pouco de coreano e um pouco de inglês. Meus melhores amigos são coreanos."

Por falar em resenha, o atacante lembra de uma história divertida com um companheiro de clube. 

"Estávamos em um dia de folga e saímos para beber. Um amigo acabou bebendo demais e dormiu. Nós desenhamos no rosto dele inteiro. (risos) No dia seguinte, tinha o café da manhã no hotel e descemos. Ele levantou, não olhou no espelho e foi direto. Pensa em um cara bravo. (risos) Estava todo mundo no café, até o presidente. E ele não sabe até hoje quem foi."

Um desejo e momento difícil na Coreia do Sul

Com tanto tempo de Coreia do Sul, uma relação de carinho mútuo e longe dos holofotes da seleção brasileira, é natural imaginar o atacante defendendo as cores do país asiático. Desejo para que isso aconteça não falta.

"Já tiveram esses comentários na imprensa. Eu penso em me naturalizar, sim. É um país que eu gosto e acredito que pra mim e minha família, seria muito bom. Vamos ver o que acontece."

Amante confesso do país asiático, Ricardo Lopes destaca inúmeros pontos que o fazem querer seguir na Coreia do Sul. A segurança, um dos maiores problemas atuais do Brasil, é o principal motivo pela preferência do jogador. 

"O que eu mais gosto aqui é a tranquilidade. Não tem violência. Uma criança pode brincar na rua e ir para a escola sozinha. A gente não pensa em sair daqui. Quem não quer uma paz dessa? Uma vez, esqueci meu cartão de crédito em um restaurante e não lembrava. Voltei no local umas duas semanas depois e uma funcionária me entregou. Se fosse no Brasil...E eles são muito carinhosos com o estrangeiro." 

Na última temporada, Ricardo Lopes viveu uma fase artilheira, anotando 17 gols em 39 jogos. Porém, em 2019 o número de bolas na rede diminuiu. O jogador revelou o motivo do período de seca e que tem recebido apoio dos companheiros. 

"Eu tive alguns problemas fora de campo. Minha filha teve pneumonia e depois que sarou, eu tive também e perdi cinco quilos. Esse ano está sendo muito difícil. O treinador me chamou para conversar e mostrou que entende o momento que estou passando. Os jogadores também estão me apoiando." 

Temporada de mudança no Jeonbuk Motors

Atual bicampeão coreano, o Jeonbuk Motors segue forte na briga por mais um título nacional. A equipe de Ricardo Lopes lidera a K-League com 45 pontos, um a mais que o Ulsan Hyundai, que tem um jogo a menos. O atacante frisa que a competição deste ano está mais equilibrada e conta como é a relação com os torcedores. 

"Esse ano está diferente, mais complicado. Nós temos uns cinco jogadores de seleção, mas os outros times investiram mais. Estamos em primeiro, mas a diferença para os outros não é grande. Independente dos resultados nos jogos, as pessoas te tratam com carinho, pedem para tirar foto, dão presente, até os torcedores de times rivais. Acho que as mulheres aqui gostam mais de futebol do que os homens."

O ano de 2019 do Jeonbuk Motors é de mudança. Isso acontece por conta da saída do treinador sul-coreano Choi-Kang Hee, que deixou o comando da equipe após 12 temporadas. Para o lugar do vitorioso comandante, chegou o português José Morais. A troca facilitou o diálogo para Ricardo Lopes, que crê na melhora da equipe com o novo técnico. 

"É uma experiencia nova, primeiro ano dele conosco e alguns jogadores ainda estão se adaptando. Ele é gente boa e tenta ajudar os jogadores, passa vídeos, nossos e dos adversários, a semana toda. O treinamento não é tão intenso, é mais trabalho tático." 

Na última rodada do campeonato coreano, o líder Jeonbuk Motors empatou em 1 a 1 com o vice-líder Ulsan Hyundai. A equipe visita o FC Seoul no próximo sábado, pela 22ª rodada da competição. 

*Matéria publicada em ogol.com.br em 16/07/2019

Reforço mais caro do Aston Villa, Wesley superou dispensas na Espanha e França

Wesley Moraes chegou ao Aston Villa depois de boa
temporada no Brugge. (Foto: Divulgação Aston Villa)
Contratação mais cara da história do Aston Villa (25 milhões de euros), o atacante Wesley Moraes ainda é desconhecido de grande parte do público, seja brasileiro ou internacional. Natural de Juiz de Fora, Minas Gerais, o jogador rumou ainda adolescente para Europa em busca do sonho de ser jogador profissional.

No Velho Continente, fez testes no Atlético de Madrid, da Espanha, e Évian, da França, mas não assinou contrato. Porém, a grande oportunidade apareceu no Trencín, da Eslováquia.

 ''Tem que ter persistência e acreditar no sonho. A Eslováquia não é um país de expressão, mas tive a felicidade de jogar bem e aparecer para o futebol. Hoje, estou no melhor campeonato do mundo.''  

O melhor campeonato do mundo a que Wesley se refere é a Premier League, o campeonato inglês, próximo desafio do atacante, que assinou com o Aston Villa por cinco anos. Primeiro brasileiro da história a defender o clube, o jogador garante tranquilidade. Em sua chegada à Birmingham, o centro-avante revelou que já teve contato com o técnico Dean Smith. Segundo ele, o treinador demonstrou confiança em seu potencial.

''Sei da minha importância para o clube, mas é trabalhar duro que as coisas vão acontecer. O treinador me passou tranquilidade. Ele disse que essa troca de país e campeonato não é fácil, mas que eu vou ter as oportunidades e devo trabalhar firme. Aqui, na Inglaterra, treina-se mais, o trabalho é mais intensivo, com mais velocidade e mais força.''  

Temporadas goleadoras na Bélgica

Antes de desembarcar na Inglaterra, Wesley viveu boas temporadas na Bélgica. Com as cores do Brugge, o jogador se destacou marcando muitos gols, a maioria deles com apenas um toque na bola. Segundo ele, o faro de gol apurado alinhado à rápida definição das jogadas, não era por acaso. 

''Isso é treinamento. Sempre coloco na cabeça que tocando pouco na bola, tenho mais chances de fazer o gol e aí complica para o zagueiro. Eu procuro me posicionar bem dentro da área e ocupar os espaços para confundir os adversários.''

Ao longo dos três anos e meio que esteve na Bélgica, o jogador conviveu de perto com alguns brasileiros, mas destaca a amizade com um holandês. 

''Quando eu cheguei no Brugge, tinha o Claudemir, Felipe Gedoz e Leandro Pereira. Como o Claudemir e o Leandro eram casados, fiquei mais próximo do Gedoz, com quem eu saía mais. Só que aí, eles foram embora e acabei me aproximando do Luan Peres. Mas eu sou muito amigo do Stefano Denswil. Nós saíamos com frequência para o centro da cidade, íamos comer e andar pelos shoppings.''

A carência do futebol brasileiro com um camisa 9

O novo reforço dos Villans joga em uma posição carente no futebol brasileiro. Nos últimos anos, o país que sempre foi referência em grandes artilheiros, viu os jogadores que atuam no comando do ataque com certo descrédito, casos de Fred e Gabriel Jesus, bastante criticados por atuações em Mundiais. Para Wesley, os jovens atacantes precisam de mais oportunidades, coisa que para ele faltou na época de Atlético Mineiro, ainda nas categorias de base. 

''Temos bastante jogadores jovens começando e vão render mais para frente, mas precisam de oportunidades. No Brasil, muitos saem cedo em busca disso na Europa, como eu. Eu não tenho mágoa, mas fiquei decepcionado com o Rogério Micale. Eu poderia ter tido mais oportunidades, mas Deus me abençoou e pude jogar e fazer gol em Champions League. Não sei se eu tivesse tido uma oportunidade no Atlético Mineiro, eu estaria aqui hoje também. Mas se os jovens tiverem essa oportunidade, teremos muitos matadores como Ronaldo, Romário e Adriano.'' 

Apesar do pouco tempo de carreira, Wesley já soma uma boa quantidade de títulos. Pelo Trencín, foi campeão da Taça da Eslováquia. No Brugge, foi bicampeão do Campeonato Belga e da Supertaça da Bélgica. 

*Matéria publicada em ogol.com.br em 09/07/2019

Tradicional x moderno: Botafogo é único na Série A sem numeração fixa

Diego Souza assumiu a responsabilidade de vestir a
camisa 7. (Foto: Vítor Silva/Botafogo)
O torcedor botafoguense tem orgulho de chamar o time de Mais Tradicional. E esse tradicionalismo é visto nos uniformes. Isso porque o Glorioso é o único clube na Série A que não adotou a numeração fixa para 2019, sendo essa a quinta temporada seguida do alvinegro sem a prática que se tornou comum no futebol moderno.

O Botafogo voltou a jogar com a escalação tradicional, de 1 a 11, no primeiro ano da gestão Carlos Eduardo Pereira, em 2015. Desde então, a numeração fixa só é utilizada em torneios internacionais como Libertadores e Sulamericana, onde os atletas são inscritos com determinados números até o final da competição. Independentemente disso, o clube buscou jogadores renomados para vestirem a mítica camisa 7, casos de Walter Montillo, em 2017, e agora, Diego Souza.

E foi o novo reforço do Botafogo que contribuiu para a melhora nas vendas de produtos. No dia da apresentação de Diego Souza, a loja oficial vendeu o equivalente a R$ 20 mil em camisas. O Diretor de Marketing do clube, João Vieira, reconheceu a importância de associar determinado número a um jogador, mas revelou que a decisão da volta à numeração fixa precisa ainda ser discutida internamente.

- O Botafogo, tradicionalmente, reforçou sua marca com jogadores usando determinado número. Você fala na camisa 7, lembra do Garrincha, Maurício e Túlio. Fala da 13, lembra do Loco Abreu e Zagallo. A 6, do Nilton Santos. Do ponto de vista do marketing, é bom ter essa associação. Por outro lado, não ter, facilita na hora do uso do material. Nós vamos conversar com o departamento de futebol. É uma decisão mais deles, que passa pelo Gustavo Noronha (Vice-Presidente de Futebol), Anderson Barros (Gerente de Futebol), Eduardo Barroca e jogadores. Posteriormente, vem o comercial e o marketing. Precisamos realizar um estudo, uma análise sobre o impacto que isso pode gerar em vendas.

Sobre o acordo com a Kappa, oficializado na última quarta feira, o dirigente lembrou da passagem da marca italiana por General Severiano e prometeu que os torcedores alvinegros gostarão dos novos uniformes. O lançamento está previsto para ocorrer depois da Copa América.

- Certamente faremos uma festa. A expectativa é lançar diversas linhas, com diferentes preços. Uma linha social, uma oficial e outra mais popular. Esses uniformes vão ser muito alinhados com o que a torcida gosta e atrairão o público. A Kappa já tem experiência em design e estilo. No período em que estiveram conosco, entre 2004 e 2009, tivemos boas vendas. Muitos torcedores tem falado nas redes sociais sobre a expectativa.

Além dos uniformes para a equipe masculina principal, a Kappa vai produzir o material para as categorias de base e também para o time de futebol feminino. Nos esportes olímpicos, como vôlei e basquete masculinos, o planejamento do Botafogo é ter uma marca própria nos equipamentos.

*Matéria publicada em lance.com.br em 14/06/2019


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Campeão e destaque do Al Sharjah, Igor Coronado relembra trajetória de andarilho do futebol

Igor Coronado acumula prêmios e títulos nos Emirados
Árabes Unidos./Foto: Arquivo Pessoal
Ao longo das últimas décadas, o Brasil tem se consolidado como o maior exportador de jogadores de futebol. Mais recentemente, tornou-se comum ver atletas brasileiros defendendo clubes, em maioria, europeus, sem antes terem disputado uma partida pelo profissional em território nacional. O olhar dos times do Velho Continente tem sido direcionado cada vez mais para os jovens talentos, ainda em formação. 

Assim como muitos jovens brasileiros, Igor Coronado, natural de Londrina, no Paraná, sempre gostou de jogar futebol. Porém, a história do jogador no futebol europeu começou por outro motivo. 

- Eu fui para a Inglaterra aos 14 anos porque meus pais buscavam trabalho lá, um futuro melhor para nós. Como eu sempre joguei futebol, na escola e nos clubes amadores, surgiu a oportunidade no MK Dons e fiquei lá até os 19. No último ano, eu já ia com os profissionais para os jogos, mas mudou o treinador, que preferia jogadores mais altos, com mais força física e aí, acabei saindo. Mas a minha adaptação lá foi muito boa.

Para Igor Coronado, o período de cinco anos no Reino Unido foi importante para formá-lo como atleta e também como pessoa. Ele lembra de particularidades da cultura na categoria de base inglesa, diferentes em relação à brasileira. 

- A diferença que vejo é que eles trabalham muito sério. Eu era o camisa 10 do juvenil e tinha que limpar as chuteiras do camisa 10 do profissional. Os nossos treinamentos eram no mesmo horário, para que quando terminassem, a gente guardasse todo o material. Nós preparávamos os treinos deles e já tivemos que limpar o estádio. Na época, eu não entendia o porquê disso, mas hoje dou muito valor. Isso me fez crescer como pessoa. 

Depois do período em solo britânico, Igor rumou para a Suíça e foi fazer teste em um clube da segunda divisão, o Winterthur. Lá, fez alguns amistosos, mas não foi aproveitado pelo treinador, que o indicou ao Grasshopper, maior campeão nacional, onde assinou por seis meses com o time sub-21.

Como o clube estava em uma situação difícil na Liga, disputando para não ser rebaixado e ao terminar a temporada, com a permanência garantida, a direção promoveu uma reformulação em seu staff. Com isso, Igor Coronado não teve oportunidades no profissional e acabou migrando para Malta.

O jogador teve uma passagem de três temporadas pelo Floriana. Embora o arquipélago europeu, de poucos mais de 400 mil habitantes, apareça no top-10 das ligas internacionais com maior número de jogadores brasileiros, segundo estudos anuais do CIES Football Observatory, para Igor Coronado o futebol local precisa evoluir fora das quatro linhas, principalmente em relação a um problema bem conhecido no Brasil.  

- É um país difícil de crescer profissionalmente. Como eu estava sem clube, acabei aceitando. Para o jogador que vai para lá, é bom para aparecer e tentar a transferência para outro clube. Eles recebem muito bem e gostam dos brasileiros. O futebol tem crescido, mas precisa melhorar fora de campo, como por exemplo, parar de atrasar salários.

Boas temporadas por rivais italianos 

Igor Coronado teve boas temporadas na Itália, especialmente
no Palermo./Foto: Arquivo Pessoal
De Malta, onde foi eleito o melhor jogador estrangeiro em 2013, conseguiu uma transferência para a maior ilha do Mar Mediterrâneo, a Sicília, e foi defender o Trapani, clube da segunda divisão italiana. Foi no novo clube que Igor passou por uma história curiosa, a qual lembra até hoje, junto com o treinador Serse Cosmi, muito conhecido no país pela forma de gesticular e gritar à beira do gramado. 

- É um treinador com um coração enorme, mas se transforma no dia do jogo. Uma vez, estávamos vencendo por 3 a 1, eu fui tentar dar um chapéu e perdi a bola. O adversário fez o gol e o Serse entrou uns 15 metros no campo me xingando, falando que ia me matar e foi expulso (risos). Aí eu pensei ''complicou para mim''. Pouco tempo depois, consegui dar um assistência e fizemos o 4 a 2. Ele (Serse Cosmi) viu de longe e ficou muito feliz. No final do jogo, veio me abraça e pedir desculpas, mas naquele dia fiquei com medo (risos).

Igor disputou duas temporadas pelo Trapani como meia ofensivo em um esquema 3-5-2 e acumulou 19 gols em 77 jogos. O bom rendimento foi recompensado com uma oferta do rival local, o Palermo, que também estava na Série B e a 115km de distância. Porém, a saída não foi muito bem aceita pelos tifosi do Granata.

- Lógico que os torcedores não ficaram felizes, existe uma rivalidade, mas tiveram que aceitar porque a proposta foi muito boa para o clube.

Mais uma boa temporada e mais um convite para mudança de ares. Dessa vez, o desafio era maior, da Europa para o Oriente Médio, região famosa pelos altos investimentos no futebol. Igor Coronado desembarcou nos Emirados Árabes Unidos como novo reforço do Al Sharjah para a temporada 2018/19. No novo clube, passou a atuar como segundo atacante, mais próximo do gol e com mais liberdade.

Nova posição e muitos gols na conta

O jogador se adaptou bem à nova função e em 32 jogos, anotou 19 gols, ajudando a equipe a ser campeã da liga nacional e sendo eleito o melhor estrangeiro da competição. Os árabes ficaram conhecidos por agraciarem seus jogadores de destaque com prêmios luxuosos como carros, relógios, cheques, mas Igor Coronado acredita que isso tem mudado. 

- Essa história dessas premiações, a gente sempre ouve falar e eu estou esperando isso ainda (risos). Acredito que essa época passou. Estamos aguardando é a premiação pelo título, mas eu não vou ganhar nada a mais que os outros jogadores.

Atualmente de férias, o jogador aguarda o reínicio da temporada nos Emirados Árabes Unidos. O primeiro compromisso do Al Sharjah, atual campeão da liga, é contra o Al Ahli, campeão da Copa do Presidente, no dia 13 de setembro, pela Supercopa dos Emirados Árabes. Mais uma oportunidade para Igor Coronado acumular títulos e premiações. 

*Publicado em ogol.com.br em 05/07/2019