segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Campeão e destaque do Al Sharjah, Igor Coronado relembra trajetória de andarilho do futebol

Igor Coronado acumula prêmios e títulos nos Emirados
Árabes Unidos./Foto: Arquivo Pessoal
Ao longo das últimas décadas, o Brasil tem se consolidado como o maior exportador de jogadores de futebol. Mais recentemente, tornou-se comum ver atletas brasileiros defendendo clubes, em maioria, europeus, sem antes terem disputado uma partida pelo profissional em território nacional. O olhar dos times do Velho Continente tem sido direcionado cada vez mais para os jovens talentos, ainda em formação. 

Assim como muitos jovens brasileiros, Igor Coronado, natural de Londrina, no Paraná, sempre gostou de jogar futebol. Porém, a história do jogador no futebol europeu começou por outro motivo. 

- Eu fui para a Inglaterra aos 14 anos porque meus pais buscavam trabalho lá, um futuro melhor para nós. Como eu sempre joguei futebol, na escola e nos clubes amadores, surgiu a oportunidade no MK Dons e fiquei lá até os 19. No último ano, eu já ia com os profissionais para os jogos, mas mudou o treinador, que preferia jogadores mais altos, com mais força física e aí, acabei saindo. Mas a minha adaptação lá foi muito boa.

Para Igor Coronado, o período de cinco anos no Reino Unido foi importante para formá-lo como atleta e também como pessoa. Ele lembra de particularidades da cultura na categoria de base inglesa, diferentes em relação à brasileira. 

- A diferença que vejo é que eles trabalham muito sério. Eu era o camisa 10 do juvenil e tinha que limpar as chuteiras do camisa 10 do profissional. Os nossos treinamentos eram no mesmo horário, para que quando terminassem, a gente guardasse todo o material. Nós preparávamos os treinos deles e já tivemos que limpar o estádio. Na época, eu não entendia o porquê disso, mas hoje dou muito valor. Isso me fez crescer como pessoa. 

Depois do período em solo britânico, Igor rumou para a Suíça e foi fazer teste em um clube da segunda divisão, o Winterthur. Lá, fez alguns amistosos, mas não foi aproveitado pelo treinador, que o indicou ao Grasshopper, maior campeão nacional, onde assinou por seis meses com o time sub-21.

Como o clube estava em uma situação difícil na Liga, disputando para não ser rebaixado e ao terminar a temporada, com a permanência garantida, a direção promoveu uma reformulação em seu staff. Com isso, Igor Coronado não teve oportunidades no profissional e acabou migrando para Malta.

O jogador teve uma passagem de três temporadas pelo Floriana. Embora o arquipélago europeu, de poucos mais de 400 mil habitantes, apareça no top-10 das ligas internacionais com maior número de jogadores brasileiros, segundo estudos anuais do CIES Football Observatory, para Igor Coronado o futebol local precisa evoluir fora das quatro linhas, principalmente em relação a um problema bem conhecido no Brasil.  

- É um país difícil de crescer profissionalmente. Como eu estava sem clube, acabei aceitando. Para o jogador que vai para lá, é bom para aparecer e tentar a transferência para outro clube. Eles recebem muito bem e gostam dos brasileiros. O futebol tem crescido, mas precisa melhorar fora de campo, como por exemplo, parar de atrasar salários.

Boas temporadas por rivais italianos 

Igor Coronado teve boas temporadas na Itália, especialmente
no Palermo./Foto: Arquivo Pessoal
De Malta, onde foi eleito o melhor jogador estrangeiro em 2013, conseguiu uma transferência para a maior ilha do Mar Mediterrâneo, a Sicília, e foi defender o Trapani, clube da segunda divisão italiana. Foi no novo clube que Igor passou por uma história curiosa, a qual lembra até hoje, junto com o treinador Serse Cosmi, muito conhecido no país pela forma de gesticular e gritar à beira do gramado. 

- É um treinador com um coração enorme, mas se transforma no dia do jogo. Uma vez, estávamos vencendo por 3 a 1, eu fui tentar dar um chapéu e perdi a bola. O adversário fez o gol e o Serse entrou uns 15 metros no campo me xingando, falando que ia me matar e foi expulso (risos). Aí eu pensei ''complicou para mim''. Pouco tempo depois, consegui dar um assistência e fizemos o 4 a 2. Ele (Serse Cosmi) viu de longe e ficou muito feliz. No final do jogo, veio me abraça e pedir desculpas, mas naquele dia fiquei com medo (risos).

Igor disputou duas temporadas pelo Trapani como meia ofensivo em um esquema 3-5-2 e acumulou 19 gols em 77 jogos. O bom rendimento foi recompensado com uma oferta do rival local, o Palermo, que também estava na Série B e a 115km de distância. Porém, a saída não foi muito bem aceita pelos tifosi do Granata.

- Lógico que os torcedores não ficaram felizes, existe uma rivalidade, mas tiveram que aceitar porque a proposta foi muito boa para o clube.

Mais uma boa temporada e mais um convite para mudança de ares. Dessa vez, o desafio era maior, da Europa para o Oriente Médio, região famosa pelos altos investimentos no futebol. Igor Coronado desembarcou nos Emirados Árabes Unidos como novo reforço do Al Sharjah para a temporada 2018/19. No novo clube, passou a atuar como segundo atacante, mais próximo do gol e com mais liberdade.

Nova posição e muitos gols na conta

O jogador se adaptou bem à nova função e em 32 jogos, anotou 19 gols, ajudando a equipe a ser campeã da liga nacional e sendo eleito o melhor estrangeiro da competição. Os árabes ficaram conhecidos por agraciarem seus jogadores de destaque com prêmios luxuosos como carros, relógios, cheques, mas Igor Coronado acredita que isso tem mudado. 

- Essa história dessas premiações, a gente sempre ouve falar e eu estou esperando isso ainda (risos). Acredito que essa época passou. Estamos aguardando é a premiação pelo título, mas eu não vou ganhar nada a mais que os outros jogadores.

Atualmente de férias, o jogador aguarda o reínicio da temporada nos Emirados Árabes Unidos. O primeiro compromisso do Al Sharjah, atual campeão da liga, é contra o Al Ahli, campeão da Copa do Presidente, no dia 13 de setembro, pela Supercopa dos Emirados Árabes. Mais uma oportunidade para Igor Coronado acumular títulos e premiações. 

*Publicado em ogol.com.br em 05/07/2019

Com gol e recorde de Marta, Brasil vence a Itália e avança na Copa

Marta faz de pênalti e se torna a maior artilheira em Copas
do Mundo./Foto: Rico Brouwer/Getty Images
O Brasil venceu a Itália por 1 a 0 e está classificado para as oitavas de final da Copa do Mundo. Marta, de pênalti, marcou o gol da vitória, o seu 17º, o que a tornou a maior artilheira de Copas, incluindo a masculina.

Com o resultado, as comandadas de Vadão terminam a primeira fase na terceira colocação do Grupo C e aguardam a definição dos outros grupos para conhecerem as adversárias. A seleção brasileira foi melhor durante todo o jogo e sofreu poucos sustos. 

Brasil começa melhor, mas Itália equilibra

O Brasil começou o primeiro tempo pressionando e com a marcação avançada, dificultando a saída de bola italiana. Porém, a primeira oportunidade foi da Itália, aos quatro minutos. Bonansea recebeu pelo lado direito, cortou para o meio e chutou no cantinho. Barbara se esticou e conseguiu fazer a defesa, jogando para escanteio.

A Seleção respondeu em grande estilo aos 16. Marta cobrou escanteio na primeira trave e Debinha quase marcou um golaço de letra. A goleira Giuliani salvou e cedeu novo escanteio para o Brasil. Marta de novo na bola. A camisa 10 bateu fechado e quase surpreendeu Giuliani, que tirou de soco. 

Debinha fez boa jogada aos 22 e bateu da entrada da área, mas a bola foi para fora. A partir dos 25 minutos, o jogo ficou equilibrado, com a Itália buscando as jogadas pelas pontas.

O maior susto veio aos 39. Em um contra-ataque rápido, Bonansea recebeu livre, cara a cara com Barbara. A atacante italiana finalizou forte, mas a goleira brasileira fez grande defesa. 

Marta marca o gol da vitória e o nome na história das Copas

O Brasil voltou melhor para o segundo tempo, jogando no campo de ataque e buscando o gol. Logo aos seis, Andressinha cobrou falta no travessão e por pouco não abriu o placar. Quatro minutos depois, Andressinha novamente cobrou falta, dessa vez na cabeça de Kathelen, que desviou e a bola passou rente à trave. 

Vadão resolveu sacar Cristiane e colocar Bia Zaneratto aos 19. A atacante quase abriu o placar em seu primeiro toque na bola. Ludmila fez jogada individual pela direita e cruzou. Bia escorou e a bola passou perto. 

Aos 26, Debinha fez boa jogada em velocidade e foi parada com falta dentro da área. Pênalti para o Brasil. Marta, que não fez boa partida, foi para a bola e bateu forte. Goleira para um lado, bola para o outro e a melhor jogadora do mundo se tornou a maior artilheira de todas as Copas, incluindo masculina e feminina, com 17 gols. 

Depois do gol brasileiro, o ritmo diminuiu bastante e as duas equipes pareceram satisfeitas com o resultado.Vadão substituiu Marta e colocou Luana, volante, para dar mais proteção à zaga. A Itália seguiu pouco inspirada e o placar não foi alterado. Vitória do Brasil.

*Publicado em ogol.com.br em 18/06/2019

Com a ausência de Neymar, quem será o protagonista da seleção?

Sem Neymar, posto de referência técnica fica aberto na
seleção de Tite./Montagem: O Gol
Após o corte de Neymar, com lesão no tornozelo, e a convocação de Willian como substituto e novo camisa 10, surge uma pergunta sobre o time de Tite: quem será o protagonista da seleção?

A ausência do astro do Paris Saint Germain pode abrir brecha para outros jogadores assumirem a liderança técnica em um torneio de alto nível. Com uma seleção recheada de nomes relevantes para o futebol mundial, candidatos para o posto não faltam. Vamos aos nomes.

Os candidatos

Alisson: O camisa 1 vem de uma temporada espetacular com o Liverpool, coroada com o título da Liga dos Campeões, onde foi um dos destaques nos jogos decisivos, incluindo a final. Em 38 partidas do Campeonato Inglês, em 21 o goleiro não foi vazado.

Dani Alves: Um dos mais experientes do grupo, retomou a faixa de capitão da equipe. Retorna para uma competição após ter ficado de fora da Copa do Mundo por lesão. Fez boa temporada no PSG e tem um título de Copa América no currículo.

Coutinho: Contratado para ser justamente o substituto de Neymar, no Barcelona, Philippe Coutinho não conseguiu repetir, na Espanha, o excelente futebol apresentado na Inglaterra. Na Copa do Mundo, teve um bom início e era o principal jogador da equipe, mas não manteve o nível das atuações. Vindo de uma temporada decepcionante, com partidas fracas e até polêmica com a torcida blaugrana, a Copa América surge como grande chance de redenção.

Gabriel Jesus: O atacante do Manchester City ainda sofre críticas a respeito do desempenho na Rússia em 2018. Único camisa 9 da história da seleção a terminar uma Copa sem balançar as redes, Gabriel Jesus marcou seis gols em sete amistosos após a competição. Junto a isso, vem de uma temporada de 21 gols na Europa, mesmo não sendo titular absoluto, e parece ter retomado a boa fase. Antes tido como concorrente de Firmino, no amistoso contra Honduras, a dupla atuou junta no ataque e rendeu bem, o que pode significar mais tempo de jogo para o jovem atleta.

Roberto Firmino: O atacante do Liverpool segue em evolução. Embora 2018/19 não tenha sido uma temporada tão goleadora como a anterior, Roberto Firmino mostrou mais uma vez a sua importância para o elenco dos Reds. Com muita mobilidade, habilidade e inteligência tática, pode desempenhar diferentes funções no ataque. Vive boa fase e assim como Alisson chega com a experiência de ter ganho a Liga dos Campeões.

Richarlison: O atacante do Everton parece não sentir a pressão de vestir a camisa amarelinha. Já são 10 jogos, cinco gols marcados, boas atuações e muita interação com a torcida, principalmente com a sua tradicional comemoração, a "dança do pombo", o que o torna um dos jogadores mais queridos do grupo. Richarlison pode atuar tanto pelos lados como centralizado, o que agrada Tite. Em sua segunda temporada na Inglaterra, aumentou consideravelmente o número de gols: de cinco para 14.

David Neres: Mais uma boa temporada com a camisa do surpreendente Ajax. Semifinalista da Liga dos Campeões, campeão holandês e da Copa da Holanda, David Neres tem um estilo de jogo que agrada o brasileiro, partindo para cima da marcação, com velocidade e muita habilidade. Além disso, o camisa 7 marca gols e distribui assistências. Após boa atuação contra Honduras, Neres surge como provável substituto de Neymar pela ponta esquerda e pode ser o grande "beneficiado" pelo corte do craque do PSG.

*Publicado em ogol.com.br em 11/06/2019