segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Entrevista: Gustavo Fagundes

Foto: globo.com
Embora o The Voice Brasil tenha acabado neste domingo, ainda é tempo de conferir o que os participantes acharam da experiência. O entrevistado da vez é Gustavo Fagundes. Estudante de medicina e cantor por hobby antes do programa, ele conta que daqui para frente a carreira artística será para valer. Abaixo, você acompanha a entrevista exclusiva que ele deu ao blog do Caio Fiusa. E você, o que achou da participação de Gustavo Fagundes?
  
Caio Fiusa: O que achou do seu desempenho?

Gustavo Fagundes: Fiquei muito satisfeito. A maioria da galera lá está na estrada há um tempão, então tem uma experiência muito grande. A música para mim antes do programa era hobby. Sempre cantei, toquei, compus, mas nunca levei isso a sério, nunca trabalhei, nem ganhei dinheiro com isso. Eu mandei o vídeo, fui passando nas seleções e daqui a pouco eu estava lá dentro, fui caminhando e cheguei longe, em um lugar aonde tinha profissionais de anos, como o Alma. Foi uma experiência que mudou minha vida para sempre.

CF: Qual a principal diferença antes e depois do programa?

GF: A maior diferença é que antes não tinha uma importância grande. Eu fazia algo mais relaxado. Eu não fazia show, não tinha nenhum compromisso com isso. A partir de agora, depois do programa, passou a ser profissional. Tenho uma carreira artística que estou construindo e vou mantê-la. Agora é sério, é trabalho, procurar estudar para melhorar como qualquer trabalho.

CF: Como está a relação com o público, número de shows, contratos?

GF: Antes meu público era meus amigos, minha família e de um dia para o outro meu Facebook explodiu com mais de mil solicitações de amizade. Hoje eu tenho mais de 15 mil assinantes. É uma coisa que eu não esperava. Foi muito rápido. Tenho seguidores, pessoas que gostam do som que faço, o que antes era bem pequeno. Tenho empresário agora, faço show, isso não existia. O máximo que eu fazia era me apresentar em aniversário de família ou de algum amigo.

CF: Você acha que houve injustiça na escolha dos jurados?

GF: Quando os técnicos estão de costas, ali realmente é o The Voice, julgam só ouvindo a voz. Mas depois que passa isso, vai influenciar todo o resto, figurino, presença de palco, carisma, é uma coisa natural por ser um programa de televisão. Não questiono isso. Foi a primeira experiência que a Globo passou, com certeza nem tudo foi perfeito, aconteceram algumas falhas como todo programa tem. É muito corrido, muita gente para cantar, os números são rápidos, as músicas são rápidas. Nós quase não temos contato com os técnicos para eles nos ouvirem melhor. Mas acho que eles tentaram fazer tudo da melhor maneira possível. Não creio em injustiça. A decisão é do público, não acho que é errado, acho que faz parte.

CF: Tem algum receio de acabar ficando rotulado com ex-participante do The Voice?

GF: O The Voice foi tudo para mim. Tocava violão no quarto e compunha músicas para mim mesmo e agora portas inimagináveis se abriram. Sempre sonhei em ter os contatos que eu tenho hoje em dia, conhecer as pessoas que eu conheci e ter a possibilidade de cantar na Globo para milhões de pessoas. Então, para mim foi um puta início de carreira que já me deu muita visibilidade.

CF: Você acha que pode enfrentar resistência de outras emissoras por ter saído de um programa da Globo?

GF: Eu sinceramente não entendo nada desse meio. Nunca tinha pensado nisso, pensei agora quando você falou. Acho que pode até rolar sim, mas não importa muito. O sucesso não depende da emissora, depende do que a pessoa vai fazer depois. Todos que estão ali têm um talento indiscutível e capacidade para isso.

CF: Acha que a preocupação do programa não é só com a voz, mas sim com um perfil já pré-estabelecido?

GF: Não sei qual a fórmula do sucesso. A Ellen, por exemplo, uma voz incrível, talvez a melhor voz, não canta músicas do povão. Ela canta Lenine, Paulinho Mosca e mesmo assim o público adora ela, é uma das favoritas. A Ju Moraes, que também canta muito, não sei se tem uma voz tão impactante quanto a da Ellen, mas tem um estilo, presença de palco, carisma, o que agrada muita gente. Eu gosto muito do estilo que ela canta, um axé misturado com samba.

CF: Você acha que algum participante escolhe uma música para impressionar um determinado técnico?

GF: Acho que não. Temos todo um suporte, não escolhemos a música sozinho. Eu nunca pensei em escolher para agradar a minha técnica (Cláudia Leitte). Sempre escolhi para ser verdadeiro e cantar seguro o que eu gosto. Pensava nas músicas que eram boas para mim e mandava para os produtores e para a Cláudia e eles me ajudava a escolher. Não sei se passa isso na cabeça dos outros, acho que não.

CF: Por que o The Voice Brasil fez tanto sucesso?

GF: Já suspeitava por programas musicais serem líderes de audiência em outras emissoras de outros países como Inglaterra e Estados Unidos. O Brasil tem um povo muito musical. A música é muito presente aqui. Era esperado isso acontecer, ainda mais na Globo e com a equipe que foi escolhida. Os técnicos são músicos fantásticos. Todos os candidatos, com seus jeitos peculiares, são muito bons, são os responsáveis por isso tudo.

CF: E para 2013, o que pretende fazer? Seguir a carreira de cantor ou se dedicar aos estudos?

GF: Estou no sexto período, conseguindo manter a faculdade e carreira artística. Minha profissão atualmente é artístico como cantor e compositor, estou trabalhando como isso. Além de estudar, pretendo continuar e me formar e manter as duas coisas por enquanto para ver o que vai ser. Não tenho a mente clara para definir qual eu prefiro ou qual eu quero. No momento eu sei que quero as duas coisas. Então, enquanto eu puder mantê-las vai ser melhor.

Entrevista realizada por telefone, sexta feira 14/12/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com

sábado, 15 de dezembro de 2012

Entrevista: Maldonado

Volante considera as lesões os momentos
mais difíceis da carreira./Foto: flamengo.com.br
Aos 32 anos, o volante chileno Claudio Maldonado é conhecido pelo seu estilo de jogo aguerrido, como todo bom marcador sulamericano. Revelado pelo Colo Colo, tradicional clube do Chile, ele acumula passagens por São Paulo, Cruzeiro, Santos, Fenerbahçe-TUR e seleções de base e principal. Atualmente no Flamengo, conquistou o Campeonato Brasileiro de 2009 e o Carioca de 2011. Abaixo, você confere na íntegra e com exclusividade a entrevista que o jogador deu ao blog do Caio Fiusa, onde lembra o período difícil que viveu com a camisa rubro negra e comenta a situação do futebol de sua terra natal.

Caio Fiusa: O Campeonato Brasileiro de 2012 foi o que mais teve jogadores estrangeiros na história. Por que você acha que isso está acontecendo?

Claudio Maldonado: O nível do torneio está crescendo a cada ano. Muitos jogadores que estavam lá fora, estão voltando porque eles sabem que o futebol brasileiro está qualificado como um dos melhores do mundo. E todo ano aparecem jogadores estrangeiros, todo ano os clubes abrem as portas para nós que somos de fora. Eu acho que por isso há tantos como argentinos, chilenos, peruanos agora, aqui. É um mercado muito forte, que a cada dia cresce muito.

CF: Você veio para o Brasil em 2000, muito novo ainda. Por que a opção de vir? Foi pela questão financeira, pelo futebol brasileiro ser uma vitrine?

CM: Na verdade, o Colo Colo tinha uma dívida com o São Paulo. Quando eles (São Paulo) foram ver um zagueiro, não quiseram por ser mais velho. O São Paulo queria um jogador mais jovem, que pudesse dar um retorno ao clube. Foi ali que eles me viram e quiseram me contratar. Cheguei com 20 anos e foi a melhor coisa que podia acontecer. Poder mostrar o meu futebol tão competitivo como o brasileiro e abrir portas para outros clubes, para mim foi o ideal.

CF: Como foram os primeiros meses de São Paulo? Você fala muito bem português, demorou muito para aprender?

CM: Não, porque no mês que cheguei, eu ficava muito tempo concentrado com meus companheiros. O São Paulo ainda estava na disputa do Paulista e da Copa do Brasil, então eu passava mais tempo no clube do que em casa. Foi naquele dia a dia que eu aprendi a falar, a me cuidar dentro e fora de campo, foi o momento ideal para eu poder aprender tudo o que eu sei hoje. O São Paulo me ofereceu toda a estrutura, além dos meus companheiros que foram fantásticos comigo. Todo o momento confinado foi de aprendizado.

CF: Teve muitas dificuldades na adaptação?

CM: Não tive muitas. Claro, você não consegue falar direito nos primeiros três, quatro meses. Às vezes é difícil você se expressar, mas não tive em momento algum aquela dificuldade de ficar abatido, triste. Foi muito fácil, tudo correu de um jeito que eu não esperava. Isso me ajudou para poder conhecer mais da cultura brasileira, falar bem, acho que tudo isso foi um muito bom. Eu cheguei muito novo, querendo aprender, querendo sempre o melhor também.

CF: Você começou no Colo Colo, clube de grande torcida no Chile e hoje está no Flamengo, que tem a maior do Brasil. Tem como comparar?

CM: A pressão é igual. São dois times do povo, pressão o tempo todo. As torcidas de Flamengo e Colo Colo não aceitam não serem campeões, não chegar entre os primeiros. Os dois são parecidos, por isso que eu já me sentia em casa quando cheguei. Já estava acostumado.

CF: Falando sobre o Flamengo. Você chegou ao clube em um bom momento, já sendo campeão no primeiro ano. Como foi a sua chegada?

CM: Cheguei com o Álvaro, porque o clube queria dois jogadores mais experientes para poder compôr a defesa. Foi aí que a gente deu uma força para o time e tivemos uma reta final muito boa. Foi um momento muito bom para o clube e para mim, que estava fora e pude voltar ao Brasil e mostrar o meu trabalho.

CF: Apesar da boa fase do clube, você teve uma lesão antes dos últimos jogos, inclusive não podendo jogar contra o Grêmio, o jogo do título. Na época, você já era experiente. Como foi esse momento?

CM: As últimas três partidas eu não pude jogar. Infelizmente me machuquei em um amistoso da seleção e fiquei quase quatro meses fora. Foi muito difíci porque eu tinha voltado bem, estava me sentindo bem desde que eu tinha chegado ao Flamengo e ficar os últimos três jogos de fora, foi muito triste. Não poder estar ali ajudando depois de tudo que tínhamos feito em onze, doze jogos. Não poder estar ali compartilhando aquela felicidade com os meus companheiros, brigando pelo título. Foi muito triste não poder estar em campo, mas por outro lado eu estava ali com eles no dia a dia, incentivando o tempo todo. Nós éramos um grupo e você tem que incentivar o cara que está ali e tentar dar força. Fiquei triste por ficar de fora mas feliz pelo Flamengo ter saído campeão.

CF: O Flamengo tem a maior torcida do Brasil, mas nesse ano teve a décima média de público. Por que uma posição tão abaixo do que é esperado do Flamengo?

CM: Acho que a gente perdeu muito depois que o Maracanã fechou. Nosso torcedor não estava mais com aquela vontade de ir ao jogo, até porque, para algumas pessoas ficava difícil o acesso ao Engenhão. Não é o nosso estádio, é tudo diferente e jogos à noite é mais perigoso. Então, acho que as pessoas ficam com um pouco de receio. A gente que depende muito do torcedor flamenguista, perdeu com isso e esses anos estão sendos difíceis. Não vai muita gente. Talvez o torcedor espera para ir só nos finais de semana, quando o jogo é mais cedo e dá para se programar melhor. O Flamengo perdeu muito com isso. O Maracanã era praticamente a nossa casa, o torcedor ia com felicidade, tinha gosto de ir.

CF: Já chegou a pensar em formar dupla com Cáceres? Acha que daria certo pelo estilo de jogo parecido?

CM: Acho que poderia ser, porque temos um estilo diferente de jogar, mais aguerrido. A gente tem um futebol mais de pegada, até pela posição em que jogamos. Ali no meio tem pegada o tempo todo, choque o tempo todo. Então, acho que estamos mais acostumados que os brasileiros.

CF: A crise interna, muito por causa do período eleitoral do clube, atrapalhou de alguma forma dentro de campo?

CM:  Acho que não. Nós estavámos sempre meio de fora de tudo o que estava acontecendo. Claro que a gente escutava e via o que acontecia no dia a dia, mas eu acho que isso não influenciou muito para nós estarmos mal ou jogarmos mal. Tem aquelas coisas de salário atrasado, o cara não está feliz porque o clube está devendo, tudo isso foi um problema muito grande ao longo desse ano. Mas eu acho que não tem relação com o nosso rendimento dentro de campo. Você tem que separar. Você se sente insatisfeito, não consegue se programar, mas quando veste a camisa esquece de tudo e tenta sempre fazer o melhor.

CF: Esse ano você quase não jogou. Como fica a cabeça de um jogador que convive com lesões, mesmo sendo experiente?

CM: Esse ano foi muito difícil desde o início. Eu nunca tava legal, o meu joelho sempre estava com algum problema. Foi o momento mais difícil. Fiquei quase o ano todo de fora, não conseguia acompanhar os meus companheiros, ficava tratando o tempo todo, duas vezes por dia, treinos aos sábados. Foi o pior momento que já vivi. Depois que passei por duas cirurgias, graças a deus melhorou. Depende muito de você, da sua cabeça, do que você quer. Mas eu sou tranquilo, sabia que ia me recuperar, ia ficar bem, voltar a jogar que era o principal. As pessoas às vezes sentem a sua falta. Elas te vêem sempre ali e é difícil para o torcedor entender porquê você não joga quinze, vinte jogos, fica o ano todo fora. Agora eu estou bem, quero começar 2013 do zero.

Maldonado acha que os jogadores chilenos
mudaram de mentalidade/Foto: Vipcomm
CF: A torcida do Flamengo cobra muito a raça dos jogadores em campo. Acha que foi por isso que eles sentiram a sua falta?

CM: Eles sentiram desde a saída do Williams. Sentiram que faltava alguém com as características parecidas com a dele. Ficamos sem jogador de pegada. Depois chegou o Amaral, que foi muito bem, o Cáceres, mas ele querem que o jogador jogue, que tenha uma qualidade diferente.

CF: A seleção chilena tem evoluído com o tempo. Hoje, já consegue jogar de igual para igual com alguns potências. Qual o motivo da evolução do futebol chileno?

CM: O grupo é muito jovem. Então, a maioria está jogando fora. As seleções passadas eram formadas quase todas por jogadores que estavam fora do país. E eu acho que com isso, a seleção aprendeu muito e fora o trabalho que o Bielsa fez. Ele fez os jogadores acreditarem que eles podiam fazer tudo o que as seleções faziam. Isso foi um aprendizado muito bom, trabalhar com um cara como o Bielsa, deixou um legado muito forte na seleção. Com trabalho e dedicação, os jogadores acreditam que podem fazer. Além disso, a experiência que cada um tinha fora. O (Arturo) Vidal da Juventus-ITA, o Alexis (Sanchéz, do Barcelona), jogadores que agora são de um nível altíssimo, que estão fazendo a diferença. Claro, que podem perder alguns jogos, mas deixaram uma base muito boa que pode se classificar para a segunda Copa consecutiva.

CF: Tem acompanhado os campeonatos chilenos? Como andam os clubes?

CM: Os clubes estão muito bem. O Universidad do Chile se manteve dois anos muito bem. O treinador do clube na época, o Sampaoli, que hoje está na seleção, fez um trabalho parecido com o do Bielsa. Foram campeõs da Sulamericana. O Colo Colo estava em altos e baixos, chegou um treinador argentino de novo e agora que começou a se recuperar, mas mesmo assim não se classificou para as finais do campeonato. O futebol do Chile está crescendo, aparecendo jogadores novos, com cabeça boa que antigamente era difícil. Os jogadores estão mais espertos.

CF: O seu contrato termina agora (dia 31/12/2012). Você vai continuar no Flamengo? Eu sei que o Luxemburgo é um admirador do seu futebol. Ele já chegou a conversar com você sobre a possibilidade de trabalharem juntos novamente?

CM: Não falei com o Vanderlei ainda. Eu queria me dar esse tempo agora porque eu acho que devo isso ao Flamengo por todo o tempo que fiquei machucado. Primeiro eu vou conversar com o Flamengo, o Dorival quer que eu fique para o ano que vem. Mas existe uma reunião ainda que vai acontecer...que deveria acontecer para ver a minha situação. Se não der certo aí eu vejo o que faço e para onde vou. Mas, primeiramente eu vou conversar com o Flamengo, devo isso a eles. Tenho um respeito muito grande pelo clube. Eles ficaram o tempo todo comigo, me incentivando mesmo sabendo que eu não ia jogar mais esse ano, que o meu contrato ia acabar. Se eles falarem que não me querem mais, tudo bem, eu vou estar sempre agradecido ao clube, não tenho o que falar do Flamengo.

Entrevista realizada por telefone quinta feira, dia 13/12/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com

Entrevista: Luiza Dreyer

Foto: globo.com
O The Voice Brasil termina neste domingo. Por isso, aproveitando o gancho, o blog do Caio Fiusa entrevistou dois ex-participantes que encantaram o país com seus talentos vocais ao longo do programa. A entrevistada de hoje é Luiza Dreyer. Há quatro anos no mundo da música, ela revela as principais mudanças proporcionadas pelas primeiras aulas de canto e critica a escolha dos jurados. Fique ligado no próximo bate papo.

Caio Fiusa: Porque resolveu se inscrever no The Voice?

Luiza Dreyer: Eu fiquei sabendo por família e amigos. Eles sempre falaram para eu me inscrever em programas como o do Raul Gil e o Ídolos. Mas quando chegou o The Voice, e era uma coisa da Globo, todo mundo sabia que ia ter um investimento maior, falaram mais ainda para eu me inscrever. E aí, minha tia fez a inscrição. Eu não estava muito motivada.

CF: Gostou do seu desempenho? Acha que poderia ter feito algo de diferente, até mesmo melhor?

LD: Ah, com certeza. Fiquei muito nervosa nas audições. Eram sete jurados olhando para nós e tinha uma câmera filmando. Eu falei que ia cantar Cássia Eller e o tecladista tocou uma versão meio ''enterro'' dela e eu sou mais rock n´roll. Eu não pedi para mudar e comecei a cantar. A música era Por Enquanto, minha voz ficou tremendo e não ficou legal. O próprio Boninho pediu para eu cantar a capela, sendo que eles não estavam deixando ninguém cantar assim, tinha que ser acompanhado. Aí eu cantei Amy Winehouse. Quando acabei os produtores vieram me dizer que eu tava muito mal quando cantei Cássia Eller mas depois ''baixou um santo'' quando cantei Amy.

CF: Porque você acha que o programa está fazendo tanto sucesso?

LD: Primeiro porque é na Globo, que já tem muita audiência. Segundo que eles já tem um formato de sucesso, que é do outro The Voice. Terceiro porque tem um investimento muito grande por trás, que talvez não tenha nos outros. E também, por ser muito organizado. Já vi a organização de outros, as pessoas sofrem nas filas. Tudo bem que no The Voice tem gente penando, tendo que voltar outro dia. Só que eu fui levada de carro todos os dias, sempre tinha alguém para me levar e buscar, sempre alguém me ligando. E foram escolhidas boas pessoas para apresentar e julgar. Além claro, dos cantores, que são a parte principal do programa e o motivo da audiência.

CF: Concorda com o formato? Acha justo?

LD: Se a gente pensa no formato, não é legal. Um músico tem que acrescentar ao outro. Mas no meu caso, na minha batalha, eu não preciso falar, o público já disse que não foi justo. Realmente, eu não achei justo o resultado, não achei que o Gabriel cantou melhor que eu. Tiveram outras batalhas que foram injustas também. Eu acho que seria justo se saísse o pior e não é assim. Então, é injusto.

CF: Você acha que nesses programas não se busca somente o bom cantor, mas também um perfil já estabelecido?

LD: Eu também acho. Acho que tem alguma outra coisa por trás às vezes. O Lulu Santos até comentou esse negócio da alma. Eu não sei o que leva ele a buscar a alma, porque o que eu sempre busquei foi cantar com a alma. Eu canto jazz, o Gabriel canta rock, não que o rock não tenha alma, mas a minha música sempre foi uma parada de vísceras, de alma, aí o Lulu vem e me manda o discurso de que fui eliminada por causa da alma. Foi uma coisa que me deixou chateada. Mas aí, quando a gente para para pensar, vê que é um jogo de imagem, então, a gente não posso ficar abalada com isso.

CF: O que mudou no seu jeito de cantar?

LD: Eu tive minha primeira aula de canto lá dentro com uma das melhores, a Nina Pancevski. E isso ajudou muito. Ela me deu muitas dicas. Antes do programa, eu fui a uma fonoaudióloga para ver se tinha algum defeito, trava língua, alguma coisa, mas acabou que eu não tinha. Hoje, antes de cantar eu faço alguns alongamentos, alguns trabalhos para a garganta e para a voz. Minha impostação é diferente, tento não exagerar em algumas coisas. E tem também a postura. Não é só cantar, tem muito de mexer com o público e saber conquistar a pessoa. Mudou bastante.

CF: Você acha que existe a preocupação dos jurados em eliminar alguém que futuramente possa fazer mais sucesso que outro participante que por ventura venha a ganhar?

LD: Não acho que existe essa preocupação. Eles foram selecionando justamente por ter o perfil do programa. Acho que todo mundo que está ali tem potencial para seguir carreira. A questão é quem vai conseguir lidar com todas as questões, ter a manha e a sagacidade de continuar. Tem muita gente que já saiu e não está fazendo show. Eu não sei o porquê. Eu estou agitando as minhas coisas e fazendo os meus shows. Parado a gente não pode ficar, principalmente agora.

CF: Como está a sua carreira depois da participação?

LD: Eu não tinha feito show para fora da cidade. Agora, tenho um marcado para Nova Friburgo, vou para São Paulo também, pretendo ir para a Bahia e outros lugares, mas como está no fim do ano, não estamos conseguindo marcar tudo certinho. Talvez eu vá viajar, então as coisas estão meio emboladas. Eu já tenho lugares marcados durante a semana. Estou fazendo dois shows por semana. Vou fazer um show com o Diego Azevedo que também é do The Voice.

CF: Você teme ser rotulada como ex-participante do The Voice? Tem a preocupação que as pessoas associem a sua imagem ao programa?

LD: Já estão me associando. Sinceramente, está sendo uma honra. Só tinha gente que cantava bem ali. E o programa está rolando, então, isso faz parte. Ao longo do tempo, a gente vai continuar com essa lembrança, mas vai desvincular. Nós temos nosso trabalho e vão ter outras coisas que vão chamar mais atenção que isso.

CF: Alguns cantores fazem grandes espetáculos na hora da apresentação. Acha que isso interfere na escolha dos jurados?

LD: Acho que sim. A questão do espetáculo conta muito. As pessoas que já tem um pouco mais de experiência e que tiveram a sagacidade para ter esse tom de espetáculo e dessa manha de palco, eles estão conseguindo ter um passo mais a frente.

CF: Qual o seu diferencial como cantora?

LD: Isso é mais vendo. Eu sinto que cada música que eu canto, por mais que seja a mesma, gosto de cantar de uma forma diferente. Quando eu canto uma música, eu sinto toda a letra que está sendo colocada. E eu tenho uma voz rouca, puxada para o Soul. Minhas apresentações são bem viscerais, da alma mesmo. Gosto de brincar com a música. Eu gosto muito de interpretar, fazer cover. Não é chegar e tocar. Quero fazer a pessoa sentir o que aquela música quis dizer. Por isso que eu entrei no The Voice, porque eu faço uma coisa séria e profunda. Gosto de mostrar o porquê eu estou aqui.

CF: Acha que pode ter sucesso por conta do seu estilo musical?

LD: Com certeza. Eu sou puxada para uma Cássia Eller, mais desleixada. Acho que é isso o que está faltando na música brasileira.

CF: Quais os projetos para 2013?

LD: Bom, os projetos eu vou deixar na curiosidade. Mas no momento, eu estou em um tributo à Amy, que está todo mundo pedindo e estou fazendo shows. Enquanto isso, estou tocando na Melt, às sextas. No futuro terão outros shows que eu pretendo fazer com clássicos de jazz, ou de repente colocar uma Cássia, ou até mesmo um MPB, isso aí eu vou levando conforme o meu coração mandar.

Entrevista realizada por telefone, quinta feira, dia 06/12/2012
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com.br em 14/12/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com

Entrevista: Rodrigo Caetano

Para Rodrigo Caetano, o Fluminense tem hoje
a credibilidade do mercado/ Foto: Ruano Carneiro
Figura importante na conquista do Brasileiro do Fluminense este ano, muito pela sua contribuição a montagem do elenco campeão, Rodrigo Caetano é diretor executivo de futebol. O ex-jogador começou a carreira como dirigente no Grêmio e passou pelo Vasco da Gama, onde ganhou destaque. Abaixo, você confere a entrevista exclusiva do diretor ao blog do Caio Fiusa, onde ele fala sobre a relação do clube com a patrocinadora, sempre alvo de críticas das torcidas rivais.

Caio Fiusa: O Campeonato Brasileiro deste ano teve um número alto de jogadores estrangeiros e de repatriados, alguns já consagrados. Mesmo assim, a média de público foi muito baixa, até mesmo do campeão Fluminense. Tem alguma explicação para isso?

Rodrigo Caetano: Ela (média de público) não tem nenhuma relação com a vinda de jogadores estrangeiros. Realmente, os clubes estão investindo. Agora, isso é muito por conta dos horários e até da própria questão dos estádios que não têm a melhor segurança. Mas em compensação você pode observar o quanto aumenta a média de público em um jogo à tarde. Então, eu vejo muito mais pela questão dos horários e acesso aos estádios. É um problema estrutural.

CF: O preço dos ingressos é justo?

RC: Olha, qualquer evento hoje, é caro. O público que vai aos estádios talvez não seja aquele que tem condições de estar indo a um evento desse porte. É isso o que nós temos que discutir. Outra coisa é a quantidade de jogos no mês, que inviabiliza. Isso pesa muito para aquele torcedor assíduo.

CF: O que o Fluminense pretende fazer para melhorar a média de público?

RC: Eu espero que tenhamos sucesso no plano de sócio torcedor. Aí sim, teríamos um ingresso mais barato, mais facilidade na aquisição, consequentemente um aumento de público nos estádios. Isso que nós esperamos.

CF: O Campeonato Brasileiro foi apontado como o 17° torneio mais valioso do mundo. Qual a sua opinião sobre isso?

RC: O que eu sei, é que hoje, (o Campeonato Brasileiro) é a terceira maior liga em termos de pagamentos de direitos de transmissão. Então é um número expressivo, que bate com a maioria dos campeonatos do mundo. O futebol brasileiro caminhou para isso, se organizou melhor, os clubes têm uma gestão mais profissional e isso passa para o torcedor e para o público uma credibilidade maior.

CF: O Fluminense olha da mesma forma para os diferentes mercados como o brasileiro, sulamericano, europeu e até mesmo o asiático?

RC: Isso não é prerrogativa. Na verdade, nós buscamos sempre o bom jogador. Mas os mercados hoje inviabilizam. Por exemplo, você trazer um jogador da Europa, que está jogando ligas mais importantes fica difícil, a não ser que seja em final de contrato. Agora, a aquisição é cara em qualquer situação. O que nós vemos aqui, invariavelmente é que esses jogadores que retornam ao Brasil estão em término ou findando o contrato. Aí sim, se transforma em uma boa oportunidade de negócio.

CF: O Fluminense é conhecido pelo seu poder financeiro. Você acha que em termos de contratação, quando o clube desperta interesse em algum jogador, a pedida salarial do atleta aumenta por ser o Fluminense o interessado?

RC: O Fluminense tem hoje a credibilidade do mercado e para honrar os seus compromissos. Claro que tem no patrocinador um diferencial favorável muito grande. Não são todos os jogadores que tem remuneração acima do mercado. Então a coisa não é bem assim. Mas é algo que o mercado reconhece, sabe que o Fluminense é um clube organizado, com boas receitas e com credibilidade. E isso é um fator que muitas vezes favorece para atrair esses jogadores. Agora, se eles pensam em ganhar mais por ser o Fluminense, é uma situação que depende de cada caso.

CF: O Fluminense está preparado para não depender da patrocinadora?

RC: Eu não sei o porquê dessa pergunta sempre. Todos os clubes buscam um patrocinador, aí o Fluminense, que tem um ótimo é perguntado como é que está para se desfazer. Acho que a pergunta tem que ser contrária, para os clubes que não têm um grande patrocinador. O que tem que fazer para ter. E não para o Fluminense. O Fluminense tem que estar preparado para manter o patrocinador, se não é o melhor, é um dos melhores a nível de futebol brasileiro.

CF: O Brasileiro de 2012 foi o que mais teve jogadores estrangeiros inscritos na história da competição. Junto a isso, existe a regra de que cada time não pode relacionar mais de três por partida. Você acha que isso evita que o futebol nacional se torne dependente?

RC: Não vejo dessa forma. Volto a dizer, o bom jogador independe da sua nacionalidade. O futebol brasileiro sempre vai ser preservado. É o futebol que mais produz jovens talentos. Esse tipo de preocupação nós não precisamos ter, pelo menos por enquanto.

Entrevista realizada por telefone, quinta feira, dia 06/12/2012.
Contato: fiusa.caio@gmail.com

Entrevista: Ruy Cabeção

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Ruy Cabeção diz que treinador foi o motivo de
sua saída do Grêmio/ Foto: Lairto Martins
Ruy Bueno Neto começou a carreira no América/MG. Ganhou fama nacionalmente após se destacar com a camisa 2 do Botafogo, onde se tornou ídolo. Após passagens por grandes clubes brasileiros, acaba de disputar a Série C pelo Brasiliense-DF. Aos 34 anos, o experiente jogador revela bastidores da relação entre jogador e empresário e o desejo de ser treinador futuramente. Abaixo, você confere a entrevista exclusiva que o Cabeção deu para o blog do Caio Fiusa.

Caio Fiusa: Hoje, você tem contrato com alguém? Surgiu alguma proposta ou sondagem?

Ruy Cabeção: Estou sem clube. Sondagem tem, mas proposta concreta ainda não.

CF: Está esperando o ano terminar para decidir?

RC: Não. Estou esperando uma coisa bacana. A gente tem que analisar tudo, o time, o campeonato que vai ser disputado. Não estou trabalhando mais com escritório, não tenho nada assinado com nenhum empresário mais. Então, é direto comigo mesmo.

CF: Você passou por grandes clubes como Cruzeiro, Botafogo, Fluminense e Grêmio. Mas foi no Botafogo que você conseguiu destaque nacional. Foi a sua melhor passagem?

RC: Foi, porque a identificação com a torcida era e é muito grande. Mas, tiveram outros clubes em que eu tive momentos bons também. No próprio Cruzeiro, eu tive muitos, mas por ser mineiro, ser prata da casa do estado, o reconhecimento às vezes não é o mesmo. O Grêmio também, fiquei pouco tempo, mas fui eleito melhor lateral do campeonato gaúcho. Não tem um time específico. O carinho maior que eu carrego até hoje é da torcida do Botafogo.

CF: Você é lembrado pelo jogo da final do Carioca de 2006, no qual mesmo machucado, permanceu em campo. Foi o momento ou o jogo mais marcante da sua carreira?

RC: Tive muitos. Eu sou um jogador que tenho um reconhecimento maior do torcedor. Em Minas Gerais, algumas pessoas vinculadas à imprensa - eram minoria, mas de meios importantes - infelizmente tinham problemas pessoais comigo.  outros não reconheciam, prefiriam falar mal. No Cruzeiro, eu fiquei marcado por ter participado da jogada do gol de despedida do Sorín. No título mineiro do América/MG, eu que fiz a jogada toda sozinho para o gol do Alessandro. No Botafogo teve esse jogo. No Figueirense, quase fomos campeões da Copa do Brasil. E no Grêmio, a gente chegou a uma semi-final de Libertadores e foi a minha primeira. Cada time tem um momento.

CF: A sua passagem pelo Fluminense interferiu na relação com a torcida alvinegra?

RC: Não, de forma alguma.

CF: Foi bem recebido nas Laranjeiras?

RC: Sim. Tenho o respeito do torcedor por ter feito parte do grupo de 2009, que se livrou do rebaixamento.

CF: No início você era só Ruy, depois adotou o Cabeção. Alguma vez o apelido incomodou?

RC: Não. Esse apelido começou com a torcida do Cruzeiro, mas foi se firmar mesmo no Botafogo. Eu carrego desde criança, o pessoal da minha rua, do meu bairro, sempre me chamaram de Cabeção. Então, nunca incomodou não.

CF: Você falou do Grêmio, onde começou muito bem, marcando dois gols nos dois primeiros jogos. Depois saiu no meio do ano. Porquê?

RC: Eu saí exclusivamente por culpa do treinador. Eu tive um desentendimento com ele na semi-final da Libertadores. Eu iria ficar treinando em separado, mas o Celso Barros (presidente da patrocinadora do Fluminense) me ligou pedindo para ajudar o time e me ofereceu dois anos de contrato. Foi por isso que eu saí, se não, teria continuado lá. A diretoria, os jogadores e a torcida gostavam de mim.

CF: Se arrepende de ter saído do Grêmio naquela época?

RC: Não é questão de se arrepender ou não. Eu gostava muito de jogar pelo Grêmio. Na minha estreia eu fiz um gol, fui muito bem no Estadual, era titular absoluto, tinha muita coisa boa que poderia acontecer. Infelizmente, apareceu mais um treinador para atrapalhar minha carreira, mas é vida que segue e serve de aprendizado.

CF: Você ficou conhecido por jogar na lateral. Depois, passou a atuar como meia. Como foi essa transição?

RC: Nos últimos quatro ou cinco anos, eu venho jogando mais como segundo volante ou meia direita. Mas, querendo ou não, sempre um treinador me pede para atuar na lateral. Isso vai mais por questão do elenco. Para mim, jogar no meio de campo, não foi nenhuma novidade. A minha categoria de base foi toda feita como meia direita. Quem me colocou como lateral direito foi o Vanderlei Luxemburgo, na época em que estava em falta no Brasil. Ele achava que eu poderia ser feliz ali. E realmente fui.

CF: Você falou que passou a jogar de lateral por causa de uma opção do Luxemburgo. A posição de lateral ainda é carente?

RC: Hoje, não. Logo após a época do Cafu, não tínhamos laterais-direito no Brasil. Agora, a gente tem o Daniel Alves, o Maicon, que apesar da idade é um dos melhores na posição, e alguns meninos bons que estão aparecendo.

CF: Quais as principais diferenças entre atuar na lateral e no meio?

RC: Infelizmente, o lateral é muito dependente do meio de campo. Se ele não tiver volantes e meias que balancem o jogo, de um lado para o outro, vai morrer de fome. Já, o meia não, é o coração do time, do futebol mundial. A bola está sempre passando por ali. Você tem condição de participar mais da partida com a bola no pé.

CF: Acha que ainda tem vaga para você em algum clube da primeira divisão?

RC: Sinceramente, para jogar em um clube de ponta está complicado. O futebol está monopolizado. Existem alguns empresários no futebol brasileiro que para o jogador entrar em um time grande, tem que passar por eles. E o exemplo serve para mim. Quando deixei de trabalhar com meu empresário, que tinha se vinculado a um outro, grande no meio do futebol, a dificuldade de arranjar espaço na Série A ficou maior. Ele passou a não querer trabalhar comigo por conta da minha idade e por não trazer nenhum retorno a eles. Voce vê jogadores tecnicamente de niveis inferiores, mas que podem dar um retorno para os times e empresários, que tem vaga garantida (nos clubes) e ficam pulando de um para o outro, até atingir 30 anos. Jogador acima dessa idade não vale nada.

CF: Por já ter 34, você já pensa em parar? Alguma ideia do que pretende fazer quando se aposentar?

RC: Por enquanto, não. No próprio Brasiliense, os preparadores físicos e os treinadores que passaram por lá, me disseram que posso jogar tranquilamente até aos 40. Mas, pelas minhas contas, pretendo atuar por mais 3 anos para poder treinar todos os dias e acompanhar o ritmo de todo mundo. Quando me aposentar, eu tenho muita vontade de ser técnico um dia.

CF: Pretende encerrar a carreira em algum clube específico? No Botafogo, América/MG, Grêmio...

RC: Isso eu não penso. No Botafogo, é lógico que eu tive meu momento de ídolo, mas eu não posso nunca me comparar a um Túlio Maravilha, a um Sérgio Manoel, Wágner, Gottardo, Gonçalves. O clube estava a quase dez anos sem ganhar o Carioca e eu joguei machucado, o certo seria não jogar, tanto que fiquei 52 dias parado depois. Isso marcou muito a torcida. Mas eu tenho humildade e sei da grandeza que eles têm e não posso me comparar. Quero parar em um time bacana, sem jogo de despedida.

CF: Você nunca foi ligado à polêmicas, que rondam o mundo dos jogadores de futebol. Como é a sua vida fora dos campos?

RC: Uma coisa que existe é a hipocrisia. Tem muito jogador que se diz evangélico, mas não sai da noite e enche a cara. Eu fico no meio termo. Apesar de ser casado e ter duas filhas, nunca deixei de sair e tomar a minha cerveja na hora certa. Aqui no Brasil, a coisa mais estranha do mundo é jogador beber e fumar. Você vai na Europa e os jogadores bebem e fumam muito mais do que os daqui. Lá, existe o profissionalismo, eles não se preocupam com a vida pessoal do jogador, só querem que ele renda dentro de campo. Eu faço tudo que uma pessoa ''normal'' faz, lógico que tenho as minhas restrições. Sou muito feliz porque sempre soube aproveitar a minha vida da melhor maneira possível.

CF: Você afirmou em uma entrevista que os técnicos Celso Roth, Mario Sérgio e Levir Culpi foram importantes por serem diretos e sem frescuras. Tem muita frescura no futebol?

RC: Futebol hoje virou um mega evento. Os clubes aprenderam a usar o marketing. Os jogadores importantes conseguem ficar aqui muito tempo. Então, está envolvendo muita coisa. Existem empresários no meio que tem jogadores, são donos de clubes, muita influência e são só os caras (agenciados) deles que entram nos times. Os empresários não estão preocupados com os clubes. Só querem mostrar o produto deles. Nesse sentido, o futebol está chato.

CF: O Grêmio prepara o seu adeus ao estádio Olímpico. Um assunto, relacionado a isso, que vem sendo muito debatido, na internet especialmente, é o fim da ''avalanche''. O que você pensa a respeito?

RC: Isso é complicado dizer. É uma característica muito forte e tradicional da Geral. A gente fica triste, mas o futebol tem que ter um crescimento. Reclamamos há muitos anos que o Brasil tem que ter estádios modernos e agora estamos seguindo essa linha. Se tivesse alguma outra forma, um consenso, criar um cantinho só para essa organizada, não sei, é difícil. A repercussão vai ser muito grande por ser uma marca registrada gremista.

CF: Falando sobre o seu último clube, o Brasiliense chegou a ter uma boa fase na Série C, mas depois acabou não conseguindo a vaga para as quartas de final. O que houve?

RC: O ano do time foi muito ruim. Cheguei lá para disputar o segundo turno. Era capitão da equipe e fiz um ótimo campeonato, mesmo ninguém esperando. Sou muito grato ao Luiz Estevão, que sempre gostou do meu futebol e pediu para que eu voltasse. Mas existe uma pessoa lá dentro que não vai com a minha cara. O Brasiliense só colheu o que ele plantou. Infelizmente, investiu em jogadores que não eram da grandeza do clube e só no returno contratou jogadores de qualidade. Eu fui um deles, que cheguei para tentar salvar, consertar a besteira que fizeram. Mas sozinho a gente não consegue fazer nada. Mesmo assim quase conseguimos a vaga depois de uma temporada horrível, devido à filosofia de trabalho que implantaram no início do ano.

CF: Algum companheiro para destacar?

RC: São muitos nomes, muita gente mesmo, mas eu posso citar o Sorín e o Alex, nos tempos de Cruzeiro. O Pintado no América/MG. No Botafogo, o Scheidt e o Dodô. No Grêmio, o Alex Mineiro, que é meu amigo até hoje. Eu só tive problema mesmo com dois técnicos. Eles serviram como aprendizado, me ensinaram o que não fazer como treinador. E como eu tenho vontade de ser, foi uma experiência.

Entrevista realizada por telefone, quarta feira, dia 28/11/2012
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com.br 01/12/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com

Entrevista: Fabio Braz

Fabio Braz mantém amizade com Romário desde
os tempos de Vasco/ Foto: brasiliensefc.com.br
Fabio Braz se define como guerreiro. Hoje, com 32 anos, o experiente zagueiro acaba de disputar a Série C 2012 pelo Brasiliense-DF. Abaixo você confere uma entrevista exclusiva que o defensor deu ao blog do Caio Fiusa, onde ele fala sobre o período difícil longe dos gramados por conta de lesões e relembra a passagem pelo Vasco.

Caio Fiusa: Quem é o jogador Fabio Braz?

Fabio Braz: O Fabio Braz é um profissional muito sério e responsável. Tambem é um jogador muito viril e que por onde passou deixou as portas abertas. É um profissional guerreiro.
  
CF: Como é o Fabio Braz fora dos gramados?

FB: Totalmente o oposto do jogador. Um cara muito tranquilo, muito sereno, pacífico. Um cara amigo pra caramba, muito positivo, sempre alto astral, sempre sorrindo e sempre pronto pra ajudar os outros.

CF: Essa foi a sua terceira passagem pelo clube. Alguma mudança desde a primeira?

FB: O profissionalismo, a seriedade que encaram o trabalho e o respeito continua o mesmo. Por isso optei por voltar, porque aqui sou sempre muito respeitado. Sempre cumpriram com as obrigações e os combinados. Não tenho nada a reclamar.

CF: O nível da Série C é muito diferente da Série A?

FB: Isso é totalmente diferente. O nível dos times, dos campos, dos estádios.

CF: E a estrutura do Brasiliense?

FB: O clube tem uma boa estrutura, tanto que já disputou a Série A. O centro de treinamento, dificilmente você encontra clubes da Primeira Divisão que tenham. Independente de onde está, o Brasiliense não deixou de querer crescer. A estrutra não fica devendo nada aos outros clubes.

CF: Como foi a sua adaptação à cidade na primeira passagem?

FB: Foi um pouco difícil. Eu estava no Rio de Janeiro, e é muito diferente de Brasília, até pela questão do clima, que aqui é muito seco, muito árido. No começo tive um pouco de dificuldade mas eu sempre me adaptei rápido. Sempre me dei bem porque eu sou um cara que foco muito no meu trabalho. Eu vim para trabalhar, então eu vou trabalhar independente de como seja a cidade ou as dificuldades que apareçam.

CF: Você falou sobre o Rio de Janeiro. Como foi a sua passagem pelo Vasco?

FB: Para mim foi uma das melhores coisas que já aconteceu. Eu cheguei e não era muito conhecido. Aos poucos fui ganhando a confiança. Primeiro da comissão técnica, da diretoria, depois dos jogadores e consequentemente do torcedor. Claro que a gente não agrada todos, mas ninguém fica em um clube durante dois anos e meio de titular por acaso. Agradeço muito ao pessoal do Vasco, principalmente ao Romário que me deu maior força.

CF: Desde o início da carreira, quais foram as principais mudanças no Fabio Braz?

FB: A personalidade não mudou muito, isso é uma coisa com que a gente nasce. Aprendi a valorizar mais o que a gente tem, o dia de hoje. Dar valor à saúde, à vida e agradecer sempre. A gente não é ninguém sem um amigo, sem uma ajuda. Antigamente eu era muito mais individualista. Eu era muito orgulhoso também, gostava de não depender de ninguém. Hoje em dia eu vejo que não é assim, principalemte no meio em que eu vivo.

CF: Falando em amigo, tem algum que você destacaria?

FB: O próprio Romário. Desde que eu cheguei ao Vasco ele sempre me deu moral, sempre me ajudou com vários conselhos, tanto dentro quanto fora de campo. Eu era um dos poucos amigos que ele tinha no clube e provavelmente no futebol também. Então eu agradeço a ele até hoje. Nossa amizade continua cada vez mais forte. A gente está sempre junto, até porque ele está em Brasília né?

CF: Um jogo ou algum gol que você sempre vai se lembrar?

FB: Jogo é complicado porque são muitos né? (risos) Tiveram alguns gols bonitos, mas eu fico com o meu primeiro gol pelo Vasco. Foi o meu primeiro jogo em São Januário e vencemos o Brasiliense por 1 x 0.

CF: Algum jogo para esquecer?

FB: A final da Copa do Brasil entre Vasco x Flamengo.

CF: Hoje, qual o objetivo profissional do Fabio Braz?

FB: Eu tive uma série de lesões, fiquei um tempo parado. Estou voltando a jogar agora, meu objetivo é mostrar que ainda estou bem, em condições de estar em um grande clube e voltar para a Série A.

CF: Após as passagens por Vasco e Corinthians, você chegou a receber sondagens de outros clubes da Primeira Divisão?

FB: Quando eu saí do Vasco eu estava sem empresário, tive algumas sondagens. A gente sabe que se não tiver uma ajuda fica complicado conseguir entrar em um clube grande.

Obs: Entrevista realizada por telefone, sexta feira, 14/09/2012 para um trabalho acadêmico.
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com.br em 29/11/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com

Entrevista: China

Volante faz o estilo caseiro é frequentador
assíduo da Igreja/ Foto: Arquivo Pessoal

O jovem China faz jus ao recente sucesso da base do América/MG. Revelação da equipe, com 20 anos, já conquistou o título do Campeonato Brasileiro sub-20, em 2011, sendo um dos destaques do time. Além disso, ajudou na campanha da Copa São Paulo de Futebol Júnior do mesmo ano, competição que o Coelho não ficava entre os semi-finalistas há 16 anos. Abaixo você confere a entrevista concedida pelo jogador ao blog do Caio Fiusa.

Caio Fiusa: Qual o seu estilo de jogo? Como é o China dentro de campo?

China: Jogo no meio de campo como um segundo volante. Minhas características principais são marcação, saída de jogo, velocidade, passe e finalização. Quase um Zidane (risos).

CF: Qual a sua rotina fora do campo como jogador?

China: Acordo cedo e às vezes temos treino 9 horas da manhã. Volto para casa, almoço, descanso um pouco, por que às 16h tem outro treino. 

CF: E o que costuma fazer nas horas vagas?

China: Não costumo frequentar boates, não gosto do ambiente. Prefiro clube e cachoeira, por exemplo. Vou à igreja durante a semana e sábados e domingos, mas gosto principalmente de ficar em casa.
  
CF: Como foi o início no futebol?

China: Jogava no time da minha periferia e um amigo me perguntou se eu gostaria de ser jogador. Eu não gostava muito de futebol. É até engraçado porque eu tinha uns problemas de saúde e teria que fazer exercícios. Aí juntou o útil ao agradável. Confesso que mais pela saúde (risos). Os anos foram passando e eu melhorei. Quando eu vi, estava com 16 anos assinando meu primeiro contrato profissional.

CF: Essa foi a maior dificuldade que enfrentou no futebol?

China: Não, era uma coisa bem simples, problema de colesterol. Minha maior dificuldade foi conciliar os treinos e viagens com os estudos. É muito difícil também ficar longe da família, ainda mais quando se é bem novo.

CF: Qual a importância da sua família na sua carreira?

China: Sou muito grato à minha família, principalmente ao meu irmão, que jogava na base do América também. Ele sempre esteve comigo nos piores momentos. Estou aonde estou e sou o que sou hoje por causa deles.

Volante ganhou o apelido ainda
na infânica/ Foto: Arquivo Pessoal
CF: Como surgiu o apelido?

China: Eu devia ter uns 10 anos e tinha um cabelo grande na época. Aí o meu treinador começou a me chamar assim.

CF: O América/MG já esteve entre os primeiros e era forte candidato até mesmo ao título. Hoje, não está nem no G4. O que aconteceu?

China: Essa é a pergunta que não quer calar. Começamos bem e agora essa queda inesperada. Não sei o que aconteceu.

CF: Como está o grupo?

China: Bem, todos querem mudar a situação, mas sabemos da dificuldade que é a série B. Todos os times se prepararam bastante, assim como nós.

CF: E a torcida? O clima está tranquilo?

China: Não, está bem pesado. A torcida cobra as vitórias, principalmente no Independência. E eles estão certos, mas todos os jogadores, comissão técnica e diretoria acreditam no acesso.

CF: O América/MG possui vários jogadores experientes e consagrados no elenco. Como é a sua relação com eles?

China: É a melhor possível. O Geovane, Fabio Júnior e Gilberto passam muitas coisas para nós. Isso é muito importante. É uma satisfação jogar ao lado de grandes ídolos  

CF: Você falou no início do Zidane. Ele é o seu ídolo?

China: É um deles, mas gosto muito do Gilberto Silva, Iniesta e Xavi.

CF: Qual o seu objetivo profissional hoje?

China: Me firmar como titular do América.

CF: E o que falta para isso acontecer?

China: Oportunidade, não só para mim, mas para os outros mais jovens.

CF: Você foi capitão da equipe no Brasileiro sub20. Como foi a experiência?

China: É um voto de confiança do treinador que escolhe quem exerce a liderança no grupo. Agradeço ao Milagres (técnico) pela oportunidade. Fui capitão naquele momento porque estava há um ano no profissional. Foi uma responsabilidade, mas graças a Deus fui honrado e pude ajudar todos e saímos campeões.

CF: Na Copa São Paulo de Futebol Júnior, você marcou um bonito gol contra o Internacional. Foi o mais bonito da sua carreira?  (Veja o gol a partir dos 0:40)

China: Na base foi o mais bonito sim, mas não foi o mais importante.

CF: Qual a principal diferença da base para o profissional?

China: A proporção que as coisas tomam. No profissional temos uma visibilidade maior.

CF: Algum recado para o torcedor?

China: Estamos fazendo de tudo para mudar essa situação e recolocar o clube na série A, lugar de onde não deveria ter saído. Quero agradecer pelo carinho que eles tem por mim e por todos, e dizer que assim como eles, nós acreditamos no acesso.

Entrevista realizada em 11/10/2012
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com.br em 13/10/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com  

Entrevista: Gustavo

Maior meta de Gustavo é
ser campeão brasileiro/ Foto: Renato Cordeiro/ Lance
O zagueiro Gustavo, da Portuguesa, já passou por grandes clubes do futebol brasileiro. No Palmeiras, viveu seu melhor momento, porém no Cruzeiro, conviveu com o período mais difícil da carreira após um grave lesão. Também foi destaque no Paraná Clube, de 2006, ano em que a equipe conquistou uma vaga para a Libertadores da América. Abaixo, você confere a entrevista que o experiente defensor de 30 anos, deu para o blog do Caio Fiusa.

Caio Fiusa: Quem é o Gustavo, como você o define?

Gustavo: Comecei a jogar bola desde os sete anos atrás de um sonho. Hoje sou um profissional realizado. Passei por grandes clubes e tudo aquilo que eu tive como objetivo eu conquistei. Sou uma pessoa bastante humilde e dedicada naquilo que eu faço. Penso em jogar muito tempo ainda porque o futebol me motiva e me deu o prazer de realizar o meu sonho que era ser um atleta profissional.

CF:  E como é a sua rotina fora dos campos?

Gustavo: Sou um cara bem caseiro, adoro ficar com meus filhos e minha esposa. Quando estou de folga gosto de fazer um churrasco, poder reunir meus pais, meus irmãos, que são a base de tudo. Sou muito feliz por ter uma família maravilhosa. Vou para o shopping passear, mas o que eu gosto mesmo é de ficar em casa e ver um filme.

CF: Voce começou no Guarani e depois jogou na Ponte Preta. Como foi a sua chegada na Ponte, já que os dois são arquirrivais?

Gustavo: Eu passei oito anos no Guarani. Então no começo foi bastante complicado, não vou mentir. A rivalidade em Campinas é grande. Já joguei em outros clubes, lógico que existe rivalidade, mas não na mesma proporção. Foi difícil porque era muita cobrança, mas com trabalho e dedicação as coisas melhoraram. Me lembro como se fosse hoje, em 2004 fazia 15 anos que a Ponte não ganhava do Guarani no Majestoso (Estádio Moises Lucarelli, casa da Ponte Preta). Para mim aquele jogo era de vida ou morte, porque se perdêssemos, a cobrança em cima de mim ia ser muito grande. Graças a deus ganhamos de 3x1 e quebramos o tabu. Mesmo não atuando lá atualmente, tenho respeito muito grande, até porque sou campineiro. Hoje sou reconhecido por ter feito o meu dever nos dois clubes e isso é muito bom.

CF: Considera esse jogo o mais marcante da sua carreira ou destacaria outro?

Gustavo: Foi marcante pelo momento, mas tem também o primeiro jogo como profissional em 2001. O primeiro jogo você nunca esquece e foi contra o Corinthians. Eu marquei o Luizão, que era o meu ídolo. E também teve em 2008 o jogo em que fui campeão paulista pelo Palmeiras em cima da Ponte Preta. Foram esses três momentos que marcaram minha carreira.
 
CF: E teve algum gol que te marcou?

Gustavo: Não sou um atleta de marcar muitos gols, né? Mas um gol bacana, foi o meu primeiro como profissional pelo Guarani, contra o Bangu, em 2002. Teve também um contra o Flamengo em 2007, no jogo em que a gente ganhou de 2x1 (veja o vídeo abaixo). Para mim esse foi o mais marcante mesmo.

CF: Como foi a sua passagem pelo futebol europeu? (Gustavo atuou pelo Levski Sofia-BUL, Dínamo de Moscou-RUS e Lecce-ITA)

Gustavo: Foi positiva. A passagem agora pela Itália foi altamente positiva. Eu tive uma sequência de jogos e enfrentei grandes jogadores. Mas como eu fui lá pra fora muito cedo, era jovem e imaturo. Então tudo era novo, tudo era bonito. E aí depois você acaba sofrendo com o frio e com a distância. Mas na Itália foi muito legal, pude jogar contra o Ibra no Milan e o Eto´o na Internazionale. Foram muitos momentos bons. Aprendi a falar italiano, a cultura eu gosto porque sou descendente também e isso ajudou bastante. Cresci como profissional, como homem. Isso me fez amadurecer.

CF: Você teve grande destaque no Paraná e depois no Palmeiras. Esse foi o melhor momento da sua carreira?

Gustavo: No Paraná foi um ano inesquecível. O clube vinha de 12 anos sem conquistar um título estadual e nós fomos campeões, inclusive com a defesa menos vazada. E aí, nós conseguimos um fato histórico que foi levar o Paraná à Libertadores. E o Palmeiras também foi um lugar que me fez crescer. Até hoje sou reconhecido pelo torcedor. Aonde eu vou o palmeirense cobra a minha volta, porque nos 82 jogos fui campeão paulista, após o clube ficar oito anos sem ganhar um titulo. Então foi sim meu melhor momento.

CF: No Palmeiras, teve uma época que você ficou no banco e a torcida protestou muito pela sua volta ao time titular. Guarda alguma mágoa desse período?

Gustavo:  Eu vinha com uma dor no joelho e acabei ficando de fora da equipe por um mês. Quando me recuperei, achei que voltaria a ser titular porque a defesa do time não vinha bem.Nós tínhamos perdido o Henrique para o Barcelona e eu e ele estávamos bem entrosados. Com isso, o torcedor cobrou a minha volta. Eu como profissional queria jogar. Mas o legal foi que quando eu voltei, contra a Portuguesa, nós ganhamos de 4x2 e eu fiz um gol. Desde esse jogo fui titular até o final do ano. Não guardei mágoa, isso só me fortaleceu para voltar bem. 

CF: Depois do Palmeiras você foi para o Cruzeiro, e após três meses se machucou e ficou um tempo parado. Como fica o psicológico do jogador?
  
Gustavo: Eu nunca fui de ter lesão grave, muscular, nem nada. Sempre me cuidei. Você tem que ser atleta, ter um repouso, uma boa alimentação, ser diferente das outras pessoas. E eu vinha de um momento bom, tinha sido campeão mineiro e o Cruzeiro vinha bem na Libertadores. E justamente em um jogo contra o Palmeiras acabou acontecendo. Eu tinha todas chances de ajudar o clube, mas acabei ficando de fora. O lado emocional é bem difícil, porque você acaba não podendo fazer aquilo que você gosta, ainda mais em um momento tão importante para a minha carreira e para o Cruzeiro. Mas, eu pude ter uma recuperação rápida. Graças à Deus não tive mais nenhum problema no joelho. Foi triste, mas me levantei com o apoio da minha família.

CF: Você lembrou do Henrique. Além dele, o Juninho também se destacou no Coritiba, você no Paraná e atualmente o Manoel tem um certo destaque no Atlético/PR. Você acha que a escola do futebol paranaense é voltada mais para o setor defensivo?

Gustavo:  A escola do Sul é muito boa nisso. Mas acredito que é uma coincidência, por que tanto no futebol paulista quanto no carioca por exemplo, tem bons zagueiros. 

CF: Falando sobre  o Rio, como avalia a sua passagem por Botafogo e Vasco? Conseguiu render tudo o que esperava?

Gustavo: Não rendi porque quando cheguei no Vasco tive um problema na FIFA e fiquei quatro meses longe do futebol. Aí acabei indo para a Itália. No Botafogo vinha bem, até tinha feito gol contra o Palmeiras (veja o vídeo abaixo no minuto 2:57), mas não tive a sequência que gostaria. Acabou o ano e optei por sair, mas vejo que minha passagem poderia ter sido melhor. Futebol é assim, às vezes você não vai bem em um lugar e em outro se destaca, mas não pode perder a convicção do seu trabalho, nem a dedicação. Poderia ter feito mais. Acho o futebol do Rio charmoso, uma escola diferente, muito boa para se jogar. 

CF: E como está sendo agora na Portuguesa?

Gustavo: Estou bem. Ganhamos na quinta do Sport, nosso adversário direto. Quase fiz um gol, mas fico feliz com o resultado. Estou vivendo um momento muito bom. Das 28 partidas, joguei 25 como titular e as coisas vêm acontecendo. Muitos acreditavam que éramos candidatos ao rebaixamento por causa do paulista, onde caímos. Estamos fazendo um grande segundo turno e esperamos escapar bem e até buscar uma vaga na sulamericana.

CF: Porque a Lusa não consegue repetir as boas atuações fora do Canindé?

Gustavo: É difícil falar. A gente tenta jogar da mesma forma, mas em casa nós estamos tendo uma força muito grande e o torcedor vem nos apoiando. Isso está fazendo com que estejamos bem na competição. 

CF: Hoje você vê que tem condições e espaço para atuar em grandes clubes? Recebeu alguma sondagem?

Gustavo:  Sondagem a gente até recebe porque no final do ano eu estou livre, sem vinculo com o clube. Aí as coisas são diretamente comigo. Quando você vê que acontece o destaque, que você está em um bom momento assim como o time, é normal haver a sondagem até de fora porque eu tenho passaporte italiano.  E lógico que eu vejo que tenho espaço em time grande, porque a qualidade de hoje está muito abaixo do que já foi. E eu ainda tenho muita coisa pra jogar. Mas só vou pensar no meu futuro quando o meu contrato acabar.

CF: Tem algum colega, ex-colega, técnico ou ex-técnico que você destacaria e por quê?

Gustavo: O técnico é o Caio Junior. Trabalhei com ele três vezes (Paraná, Palmeiras e Botafogo) e tem aquilo da confiança. Foi uma pessoa que me marcou, sempre me apoiou e confiou em mim. Jogadores, eu sempre tive um bom relacionamento com todos, mas um que eu falo até hoje, que é meu amigo e pelo qual eu torço é o Kléber (Gladiador, atualmente no Grêmio). Jogamos juntos no Palmeiras e no Cruzeiro. Uma pessoa fantástica que eu vou guardar a amizade.

CF: Qual o seu objetivo hoje?

Gustavo:  Sem dúvida nenhuma é ser campeão brasileiro. Estadual já fui, tive esse privilégio. Tenho o sonho também de jogar a Liga dos Campeões, que é um campeonato que eu admiro.

CF: Algum comentário ou recado para a torcida da Portuguesa?

Gustavo: Fico feliz pelo reconhecimento do meu trabalho. O torcedor soube entender todo o momento que eu passei. Agradeço o apoio de cada um. Isso pra mim é muito importante. Gostaria de pedir o apoio até a última rodada. 

Entrevista realizada por telefone, sexta-feira dia 05/10/2012
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com no dia 06/10/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com

Entrevista: Leila

Foto: Divulgação/TV Globo
Leila é ex-jogadora de vôlei de quadra e praia. Foi medalhista de bronze em duas Olimpíadas: Atlanta-1996 e Sydney-2000, ambas atuando na quadra. Abaixo você confere a entrevista exclusiva que ela concedeu ao blog do Caio Fiusa na última quinta-feira. Leila comenta o desempenho do vôlei nas Olimpíadas de Londres e o que espera para o Rio em 2016.

Caio Fiusa: O que você achou do resultado do vôlei, em Londres 2012?

Leila: Eu fiquei muito feliz com o resultado. As pessoas criticaram o vôlei (de quadra) masculino que ganhou a prata, mas temos que lembrar que um mês antes eles não se classificaram para a fase final da Liga Mundial. O Bernardinho teve várias dificuldades, como as lesões do Dante e do Murilo. Todo o processo da preparação da seleção foi muito conturbado. Temos que louvar a participação.

CF: Apesar disso, a equipe vinha bem. O que acha que aconteceu na final?

Leila: A grande vitória da Rússia foi no critério físico. Não foi nem na qualidade técnica nem na tática. Os russos deram show? Realmente deram. Tirar o Muserskiy, que é um grande central, e colocá-lo como oposto foi uma estratégia inusitada que deu certo. Fisicamente a equipe deles suportou muito bem a partida, que teve cinco sets. Isso é extremamente louvável.

CF: E a seleção feminina?

Leila: Sem comentários. Mesmo se eu apostasse todas as minhas fichas, não diria que elas chegariam aonde chegaram. Foi uma lição. Exemplo de superação. Belíssimo.

CF: E quanto ao vôlei de praia?

Leila: Na praia, a gente tinha aquela expectativa com Juliana/Larissa e Alison/Emanuel, as duplas eram favoritas. Mas em Olimpíadas leão vira cordeiro e cordeiro vira leão. Tudo pode acontecer. Mas eu acho que eles mantiveram a tradição da praia de nunca voltar de mãos abanando. Isso tem que ser levado em conta. No caso do Alison e Emanuel, eles chegaram numa final e contaram com uma grande atuação dos alemães, eles venceram nos detalhes. Foi uma bela final. E as meninas, mesmo após uma derrota, conseguiram se recuperar e vencer as chinesas, que eram uma das favoritas também.

CF: Acredita que um dia o Brasil se torne o país do vôlei?

Leila: É um grande sonho, acho que estamos dando um exemplo a bastante tempo. O Brasil não deveria ser o país do futebol ou do voleibol, tem que ser o país do esporte. Nós, agora, estamos começando a implementar uma política esportiva. Estamos olhando o esporte com outros olhos, vendo como uma ferramenta social.

CF: O que falta para o esporte crescer?

Leila: O que não falta é material humano. Falta investimento, trabalho. Já mostramos que temos profissionais competentes, tanto que exportamos muitos. Temos que entender que o esporte é capaz de transformar vidas. Espero que no Rio, em 2016, sejamos um outro país em todos os aspectos e que o esporte ajude nessa transformação.

CF: Giba e Serginho já anunciaram a aposentadoria da seleção. O Emanuel ainda é uma incógnita. O que você acha da renovação do voleibol e essa possível perda de ídolos para 2016?

Leila: Se você me perguntasse em 2000, quando foi minha última Olimpíada, se o Brasil seria capaz de sediar uma competição dessas, eu diria que teria que nascer de novo. O esporte é uma carreira efêmera. Esses caras fizeram muito pelo vôlei, são referências. A história do vôlei de quadra se confunde com a do Giba e do Serginho. Na praia não é só o Emanuel, tem o Ricardo também. Temos que agradecê-los e tomá-los como exemplo. O atleta tem que entender que um dia acaba, que vêm as próximas gerações. Espero que essas gerações tenham aprendido com eles. Espero que o novo assuma a responsabilidade desse legado. Eles adubaram o solo, preparam tudo para o que está vindo. Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil agora. Essa renovação é muito positiva.

CF: Muitos atletas, não só no voleibol, após encerrarem a carreira, se tornam treinadores. Você nunca teve essa vontade?

Leila: Ser treinador no esporte de alto rendimento é para poucos. É muito desgastante. Não tenho esse perfil. Nunca pensei nisso. Gosto da área social, de trabalhar com crianças, por exemplo.

Entrevista realizada por telefone em 17/08/2012
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com.br em 22/08/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com