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Foto: globo.com |
O The Voice Brasil termina neste domingo. Por isso, aproveitando o gancho, o blog do Caio Fiusa entrevistou dois ex-participantes que encantaram o país com seus
talentos vocais ao longo do programa. A entrevistada de hoje é Luiza
Dreyer. Há quatro anos no mundo da música, ela revela as principais
mudanças proporcionadas pelas primeiras aulas de canto e critica a
escolha dos jurados. Fique ligado no próximo bate papo.
Caio Fiusa: Porque resolveu se inscrever no The Voice?
Luiza Dreyer:
Eu fiquei sabendo por família e amigos. Eles sempre falaram para eu me
inscrever em programas como o do Raul Gil e o Ídolos. Mas quando chegou o
The Voice, e era uma coisa da Globo, todo mundo sabia que ia ter um
investimento maior, falaram mais ainda para eu me inscrever. E aí, minha
tia fez a inscrição. Eu não estava muito motivada.
CF: Gostou do seu desempenho? Acha que poderia ter feito algo de diferente, até mesmo melhor?
LD:
Ah, com certeza. Fiquei muito nervosa nas audições. Eram sete jurados
olhando para nós e tinha uma câmera filmando. Eu falei que ia cantar
Cássia Eller e o tecladista tocou uma versão meio ''enterro'' dela e eu
sou mais rock n´roll. Eu não pedi para mudar e comecei a cantar. A
música era Por Enquanto, minha voz ficou tremendo e não ficou
legal. O próprio Boninho pediu para eu cantar a capela, sendo que eles
não estavam deixando ninguém cantar assim, tinha que ser acompanhado. Aí
eu cantei Amy Winehouse. Quando acabei os produtores vieram me dizer
que eu tava muito mal quando cantei Cássia Eller mas depois ''baixou um
santo'' quando cantei Amy.
CF: Porque você acha que o programa está fazendo tanto sucesso?
LD: Primeiro porque é na Globo, que já tem muita audiência. Segundo que eles já tem um formato de sucesso, que é do outro The Voice.
Terceiro porque tem um investimento muito grande por trás, que talvez
não tenha nos outros. E também, por ser muito organizado. Já vi a
organização de outros, as pessoas sofrem nas filas. Tudo bem que no The
Voice tem gente penando, tendo que voltar outro dia. Só que eu fui
levada de carro todos os dias, sempre tinha alguém para me levar e
buscar, sempre alguém me ligando. E foram escolhidas boas pessoas para
apresentar e julgar. Além claro, dos cantores, que são a parte principal
do programa e o motivo da audiência.
CF: Concorda com o formato? Acha justo?
LD:
Se a gente pensa no formato, não é legal. Um músico tem que acrescentar
ao outro. Mas no meu caso, na minha batalha, eu não preciso falar, o
público já disse que não foi justo. Realmente, eu não achei justo o
resultado, não achei que o Gabriel cantou melhor que eu. Tiveram outras
batalhas que foram injustas também. Eu acho que seria justo se saísse o
pior e não é assim. Então, é injusto.
CF: Você acha que nesses programas não se busca somente o bom cantor, mas também um perfil já estabelecido?
LD:
Eu também acho. Acho que tem alguma outra coisa por trás às vezes. O
Lulu Santos até comentou esse negócio da alma. Eu não sei o que leva ele
a buscar a alma, porque o que eu sempre busquei foi cantar com a alma.
Eu canto jazz, o Gabriel canta rock, não que o rock não tenha alma, mas a
minha música sempre foi uma parada de vísceras, de alma, aí o Lulu vem e
me manda o discurso de que fui eliminada por causa da alma. Foi uma
coisa que me deixou chateada. Mas aí, quando a gente para para pensar,
vê que é um jogo de imagem, então, a gente não posso ficar abalada com
isso.
CF: O que mudou no seu jeito de cantar?
LD:
Eu tive minha primeira aula de canto lá dentro com uma das melhores, a
Nina Pancevski. E isso ajudou muito. Ela me deu muitas dicas. Antes do
programa, eu fui a uma fonoaudióloga para ver se tinha algum defeito,
trava língua, alguma coisa, mas acabou que eu não tinha. Hoje, antes de
cantar eu faço alguns alongamentos, alguns trabalhos para a garganta e
para a voz. Minha impostação é diferente, tento não exagerar em algumas
coisas. E tem também a postura. Não é só cantar, tem muito de mexer com o
público e saber conquistar a pessoa. Mudou bastante.
CF:
Você acha que existe a preocupação dos jurados em eliminar alguém que
futuramente possa fazer mais sucesso que outro participante que por
ventura venha a ganhar?
LD:
Não acho que existe essa preocupação. Eles foram selecionando
justamente por ter o perfil do programa. Acho que todo mundo que está
ali tem potencial para seguir carreira. A questão é quem vai conseguir
lidar com todas as questões, ter a manha e a sagacidade de continuar.
Tem muita gente que já saiu e não está fazendo show. Eu não sei o
porquê. Eu estou agitando as minhas coisas e fazendo os meus shows.
Parado a gente não pode ficar, principalmente agora.
CF: Como está a sua carreira depois da participação?
LD:
Eu não tinha feito show para fora da cidade. Agora, tenho um marcado
para Nova Friburgo, vou para São Paulo também, pretendo ir para a Bahia e
outros lugares, mas como está no fim do ano, não estamos conseguindo
marcar tudo certinho. Talvez eu vá viajar, então as coisas estão meio
emboladas. Eu já tenho lugares marcados durante a semana. Estou fazendo
dois shows por semana. Vou fazer um show com o Diego Azevedo que também é
do The Voice.
CF: Você teme ser rotulada como ex-participante do The Voice? Tem a preocupação que as pessoas associem a sua imagem ao programa?
LD:
Já estão me associando. Sinceramente, está sendo uma honra. Só tinha
gente que cantava bem ali. E o programa está rolando, então, isso faz
parte. Ao longo do tempo, a gente vai continuar com essa lembrança, mas
vai desvincular. Nós temos nosso trabalho e vão ter outras coisas que
vão chamar mais atenção que isso.
CF: Alguns cantores fazem grandes espetáculos na hora da apresentação. Acha que isso interfere na escolha dos jurados?
LD:
Acho que sim. A questão do espetáculo conta muito. As pessoas que já
tem um pouco mais de experiência e que tiveram a sagacidade para ter
esse tom de espetáculo e dessa manha de palco, eles estão conseguindo
ter um passo mais a frente.
CF: Qual o seu diferencial como cantora?
LD:
Isso é mais vendo. Eu sinto que cada música que eu canto, por mais que
seja a mesma, gosto de cantar de uma forma diferente. Quando eu canto
uma música, eu sinto toda a letra que está sendo colocada. E eu tenho
uma voz rouca, puxada para o Soul. Minhas apresentações são bem
viscerais, da alma mesmo. Gosto de brincar com a música. Eu gosto muito
de interpretar, fazer cover. Não é chegar e tocar. Quero fazer a pessoa
sentir o que aquela música quis dizer. Por isso que eu entrei no The
Voice, porque eu faço uma coisa séria e profunda. Gosto de mostrar o
porquê eu estou aqui.
CF: Acha que pode ter sucesso por conta do seu estilo musical?
LD: Com certeza. Eu sou puxada para uma Cássia Eller, mais desleixada. Acho que é isso o que está faltando na música brasileira.
CF: Quais os projetos para 2013?
LD:
Bom, os projetos eu vou deixar na curiosidade. Mas no momento, eu estou
em um tributo à Amy, que está todo mundo pedindo e estou fazendo shows.
Enquanto isso, estou tocando na Melt, às sextas. No futuro terão outros
shows que eu pretendo fazer com clássicos de jazz, ou de repente
colocar uma Cássia, ou até mesmo um MPB, isso aí eu vou levando conforme
o meu coração mandar.
Entrevista realizada por telefone, quinta feira, dia 06/12/2012
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com.br em 14/12/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com
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