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Foto: Divulgação/TV Globo |
Caio Fiusa: O que você achou do resultado do vôlei, em Londres 2012?
Leila:
Eu fiquei muito feliz com o resultado. As pessoas criticaram o vôlei
(de quadra) masculino que ganhou a prata, mas temos que lembrar que um
mês antes eles não se classificaram para a fase final da Liga Mundial. O
Bernardinho teve várias dificuldades, como as lesões do Dante e do
Murilo. Todo o processo da preparação da seleção foi muito conturbado.
Temos que louvar a participação.
CF: Apesar disso, a equipe vinha bem. O que acha que aconteceu na final?
Leila:
A grande vitória da Rússia foi no critério físico. Não foi nem na
qualidade técnica nem na tática. Os russos deram show? Realmente deram.
Tirar o Muserskiy, que é um grande central, e colocá-lo como oposto foi
uma estratégia inusitada que deu certo. Fisicamente a equipe deles
suportou muito bem a partida, que teve cinco sets. Isso é extremamente
louvável.
CF: E a seleção feminina?
Leila:
Sem comentários. Mesmo se eu apostasse todas as minhas fichas, não
diria que elas chegariam aonde chegaram. Foi uma lição. Exemplo de
superação. Belíssimo.
CF: E quanto ao vôlei de praia?
Leila:
Na praia, a gente tinha aquela expectativa com Juliana/Larissa e
Alison/Emanuel, as duplas eram favoritas. Mas em Olimpíadas leão vira
cordeiro e cordeiro vira leão. Tudo pode acontecer. Mas eu acho que eles
mantiveram a tradição da praia de nunca voltar de mãos abanando. Isso
tem que ser levado em conta. No caso do Alison e Emanuel, eles chegaram
numa final e contaram com uma grande atuação dos alemães, eles venceram
nos detalhes. Foi uma bela final. E as meninas, mesmo após uma derrota,
conseguiram se recuperar e vencer as chinesas, que eram uma das
favoritas também.
CF: Acredita que um dia o Brasil se torne o país do vôlei?
Leila:
É um grande sonho, acho que estamos dando um exemplo a bastante tempo. O
Brasil não deveria ser o país do futebol ou do voleibol, tem que ser o
país do esporte. Nós, agora, estamos começando a implementar uma
política esportiva. Estamos olhando o esporte com outros olhos, vendo
como uma ferramenta social.
CF: O que falta para o esporte crescer?
Leila:
O que não falta é material humano. Falta investimento, trabalho. Já
mostramos que temos profissionais competentes, tanto que exportamos
muitos. Temos que entender que o esporte é capaz de transformar vidas.
Espero que no Rio, em 2016, sejamos um outro país em todos os aspectos e
que o esporte ajude nessa transformação.
CF:
Giba e Serginho já anunciaram a aposentadoria da seleção. O Emanuel
ainda é uma incógnita. O que você acha da renovação do voleibol e essa
possível perda de ídolos para 2016?
Leila:
Se você me perguntasse em 2000, quando foi minha última Olimpíada, se o
Brasil seria capaz de sediar uma competição dessas, eu diria que teria
que nascer de novo. O esporte é uma carreira efêmera. Esses caras
fizeram muito pelo vôlei, são referências. A história do vôlei de quadra
se confunde com a do Giba e do Serginho. Na praia não é só o Emanuel,
tem o Ricardo também. Temos que agradecê-los e tomá-los como exemplo. O
atleta tem que entender que um dia acaba, que vêm as próximas gerações.
Espero que essas gerações tenham aprendido com eles. Espero que o novo
assuma a responsabilidade desse legado. Eles adubaram o solo, preparam
tudo para o que está vindo. Os olhos do mundo estão voltados para o
Brasil agora. Essa renovação é muito positiva.
CF: Muitos atletas, não só no voleibol, após encerrarem a carreira, se tornam treinadores. Você nunca teve essa vontade?
Leila:
Ser treinador no esporte de alto rendimento é para poucos. É muito
desgastante. Não tenho esse perfil. Nunca pensei nisso. Gosto da área
social, de trabalhar com crianças, por exemplo.
Entrevista realizada por telefone em 17/08/2012
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com.br em 22/08/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com
Entrevista realizada por telefone em 17/08/2012
Publicada no blog oagonizante.blogspot.com.br em 22/08/2012
Contato: fiusa.caio@gmail.com
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