quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Entrevista: Alberis

Zagueiro saiu de São Paulo e está desde
2009 na Suécia./ Foto: atvidabergs.se


Aos 28 anos, o zagueiro Alberis ainda é desconhecido de muitos brasileiros. Como passagens por clubes de São Paulo como Internacional de Limeira e Guarani, rumou para a Suécia em 2008. Depois de uma rápida passagem por um clube da terceira divisão chegou ao Atvidabergs FF, clube da primeira divisão local, onde se firmou e hoje é titular e referência da equipe. Abaixo você confere a entrevista exclusiva que ele deu ao blog do Caio Fiusa. Ele conta como chegou a um país até então desconhecido para ele e aponta diferenças entre o futebol sueco e o brasileiro.

Caio Fiusa: De que forma foi encontrado e contratado pelo clube?
  
Alberis: Um diretor do FC Norrkoping, também da Suécia fez contato com um amigo da minha cidade, dizendo que precisava de um zagueiro. Inicialmente, vim para esse time da terceira divisão. Fiquei apenas três meses e acertei com o Atvidabergs.

CF: Quando chegou a proposta, o que você sabia sobre o país e o futebol local?

Alberis: Eu não sabia nada. A única coisa que me passaram foi que na Europa é bom para se jogar futebol.

CF: A maioria dos jogadores brasileiros demora a se adaptar nos países europeus muito por conta do idioma, da temperatura, culinária, distância da família. E com você, como foi? E falando sobre culinária, o que destacaria dos pratos suecos?

Alberis: Tive problemas com tudo isso que você falou. Hoje estou adaptado. Eles costumam comer muita batata, peixe e salada. A comida é muito saudável.

CF: Qual o principal aprendizado dessa experiência na Suécia?

Alberis: Aqui se respeita mais as pessoas. Não tem pobreza e todos podem ter um emprego. O modo de vida aqui é muito bom.

CF: Como é a relação dos suecos com os brasileiros?

Alberis: Eles são bem tranquilos com os brasileiros e demonstram gostar muito de futebol.

CF: Qual a avaliação que você faz do futebol sueco? O nível técnico é muito inferior ao dos grandes centros?

Alberis: Sim, claro. O nível técnico do futebol não é igual o praticado na Inglaterra, Espanha, Itália...Nesses países, tem muito estrangeiros jogando e os clubes pagam bem mais. Mas o futebol sueco está melhorando, tem saído muito jogador para bons times do continente.

Para Alberis, principal virtude dos cartolas suecos
é honrar os compromissos./ Foto:Arquivo Pessoal
CF:  Eu queria que você comparasse o futebol praticado aí com o brasileiro.

Alberis: Ah, é difícil comparar. No Brasil, tem mais talentos e muitos jogadores. Na Suécia, trabalho com muita força e taticamente eles são muito disciplinados. Porém, são poucos que tem a criatividade igual a dos brasileiros.

CF: O Brasil se encaminha para receber uma Copa do Mundo e a questão dos estádios tem gerado muita polêmica. Como são os estádios suecos e a estruturas e organização dos clubes?

Alberis: Os estádios são grandes e bonitos, até os clubes da segunda divisão são bem organizados em relação a isso. Já a estrutura dos clubes da terceira para baixo não são tão boas, poucos conseguem ter uma legal. Alguns da terceira em diante são amadores ainda.

CF: O que nós podemos pegar de exemplo do futebol sueco?

Alberis: Acredito que a organização. Os diretores e presidentes sabem trabalhar, administram muito bem os clubes. Eles não assumem o compromisso de pagar o que não podem.

CF: O campeonato nacional é monopolizado? Tem muita diferença técnica entres as equipes?

Alberis: Não muita. Umas equipes são melhores, claro, porque contratam melhor, trazem estrangeiros também. Mas no geral, os grandes como o Malmo e o Helsingborgs são sempre os favoritos. Nós estamos no meio da tabela, vamos tentar ficar entre os primeiros.

CF: Hoje, o Atvidabergs é o 8°. O que falta para ficar entre os primeiros?

Alberis: Falta ganhar, aí sim podemos chegar no nosso objetivo.

CF: Se tivesse que aconselhar um jogador que pretende atuar na Suécia, o que diria?

Alberis: Eu diria para ele vir e jogar bem, porque assim as chances de jogar em um grande clube da Europa são reais.

CF: Em 2000, a Alemanha começou um forte investimento nas categorias de base e atualmente colhe os frutos. Como as categorias de base são tratadas e acha possível surgir um jogador do nível de Zlatan Ibrahimovic, já que hoje ele é o grande nome da seleção? 
Zagueiro fala com a família diariamente.
/Foto: Arquivo Pessoal

Alberis: Aqui tem as categorias de base, mas não se investe muito. Pode até surgir um bom jogador, mas é difícil falar se vai ser como ele.

CF: O que costuma fazer no tempo livre?

Alberis: Encontro e saio com os outros brasileiros, o Bruno Marinho e o Ricardo Santos, que jogam comigo. Também faço programas como golfe e boliche, por exemplo.

CF: Com que frequência fala com a sua família aqui no Brasil?

Alberis: Falo com eles todos os dias. Vou para o Brasil todo ano, a saudade é grande mas a gente supera.

Entrevista realizada em 31/08/2013, pela internet.
Críticas, dúvidas e sugestôes: fiusa.caio@gmail.com

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