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Revelado pelo Fluminense, Léo chegou ao Sion em 2012./ Foto: www.fc-sion.ch |
O ano de 2007 guarda boas lembranças para o torcedor do Fluminense. Tudo porque neste ano, o Tricolor foi campeão da Copa do Brasil e deu uma reviravolta em sua história com sucessivas participações em Libertadores, dois títulos brasileiros e um carioca. Mas 2007 também foi especial para Léo Itaperuna. Formado na base do clube, o atacante, hoje com 24 anos foi lançado no time profissional por Renato Gaúcho e após problemas internos, rodou por equipes menores. Chegou ao Arapongas do Paraná e foi um dos artilheiros do campeonato estadual, despertando interesse do FC Sion, da Suíça, clube que defende desde 2012. Em entrevista exclusiva ao blog do Caio Fiusa, ele lembra da passagem do italiano Gennaro Gattuso pela equipe e comenta a relação dos torcedores suíços com o futebol.
Caio Fiusa: Eu queria que você começasse dizendo porque não conseguiu ficar mais tempo no Fluminense e acumulou empréstimos a outras equipes.
Léo Itaperuna: Comecei muito bem no profissional. Fui lançado pelo Renato Gaúcho, um dos melhores treinadores com quem já trabalhei, e cheguei a marcar um gol na minha primeira partida. Tiveram muitos desentendimentos entre a diretoria e o meu empresário, o que resultou nos meus empréstimos para outros clubes. Fora isso, aprendi bastante durante os muitos anos que fiquei no Fluminense e tenho vários amigos lá. Só tenho a agradecer ao clube.
CF: Depois do Fluminense, você rodou por vários clubes como América-RJ, Paulista, Cabofriense, CRAC-GO, Duque de Caxias-RJ, Anápolis e Arapongas-PR. Como foi parar no FC Sion? E o que tem achado do futebol suíço?
LI: Eu estava disputando o campeonato paranaense pelo Arapongas e fui um dos artilheiros com 10 gols. Um diretor do FC Sion foi a Curitiba ver um jogo, no qual eu fui bem e fiz um gol. Houve um contato entre os clubes e chegamos a um acordo. O futebol aqui não é como no Brasil, com aquela paixão, mas é técnico, tatico e de velocidade.
CF: A Suíça é um país que tem muitos imigrantes. Como lidou com tantas culturas diferentes?
LI: Aqui as culturas são bem diferentes, mas graças a Deus me adaptei rápido. No time titular do FC Sion só tem um suíço, mas isso é bom porque eu vou aprendendo um pouco de cada cultura de diferentes continentes. Tenho um ótimo relacionamento com todos. A grande vantagem é o convívio fora de campo. Toda semana tem almoço ou jantar com todos os jogadores e comissão técnica, o que faz aumentar a amizade.
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Para Léo, prioridade dos clubes é a Copa da Suíça./ Foto: Arquivo Pessoal |
CF: E o que mais te chamou atenção na cultura suíça?
LI: O que mais me chamou atenção foi a forma como eles tratam os brasileiros. Quando gostam, convidam para suas casas e fazem de tudo para agradar.
CF: O que falta para o campeonato suíço atrair o público brasileiro?
LI: Eu penso que o campeonato suíço é muito desvalorizado. Não sei o porquê. Outros campeonatos que não são tão empolgantes, têm mais visibilidade. Mas aqui na Europa ele é reconhecido pelos outros países. Quem se destaca aqui, acaba jogando em grandes equipes de outros países. Sinceramente não sei o que falta para atrair a atenção dos canais esportivos brasileiros.
CF: O FC Sion tem apenas dois títulos nacionais e o último foi em 1996/1997. Há muita cobrança para quebrar esse jejum?
LI: Não tem muita cobrança por parte da torcida, mas sim pela dos dirigentes. O FC Sion tem um ótimo time e tem tradição. Em breve vamos conquistar um título e dar fim a esse jejum.
CF: Em compensação, o clube disputou doze finais da Copa da Suíça e venceu todas. A competição é encarada de forma diferente?
LI: Aqui eles dão muita importância à Copa da Suíça porque é o caminho mais curto para disputar a Europa League. Ano passado saímos na semifinal para o Basel, que é o time de maior investimento, mas esse ano brigaremos pelo título.
CF: Você chegou a trabalhar com o Gattuso, que foi jogador e técnico do FC Sion. Como foi a experiência?
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Parceria com Gattuso rendeu muitos ensinamentos a Léo dentro e fora de campo./ Foto: Arquivo Pessoal |
LI: Gattuso é uma ótima pessoa e ótimo profissional. Tive o prazer de trabalhar com esse cara vencedor que sempre queria ganhar. Ele como treinador não era diferente, tinha a mesma luta e dedicação. Foi um super treinador e tenho certeza que será em breve um dos melhores do mundo. Aprendi muita coisa com ele e ouvi conselhos que vou levar para a vida toda.
CF: E o que você aprendeu?
LI: Taticamente aprendi muita coisa como uma simples movimentação, um toque na bola pode fazer toda diferença no jogo. Ele me dizia que o futebol é simples e a gente que inventa. Fora de campo aprendi a ser mais profissional nas horas livres, a me alimentar melhor, me cuidar melhor. São coisas que eu não fazia antes, mas graças a Deus a passagem dele me fez crescer profissionalmente.
CF: Atualmente, o Brasil tem no Neymar a principal esperança para a Copa do Mundo. Ele é o jogador que representa a seleção. Na seleção suíça também há esse jogador ou eles são fãs de nomes mais conhecidos como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, por exemplo?
LI: Shaqiri. Esse é o grande nome da Suíça para a Copa do Mundo. O jogador do Bayern é técnico, rápido e finaliza bem. Ele fez uma boa partida contra o Brasil. Além dele, tem outros bons jogadores, mas o Shaqiri é a estrela. Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar são comentados e admirados aqui, mas a torcida se identifica mais com os jogadores da seleção suíça.
CF: Falando ainda sobre o Brasil, mas mais especificamente sobre o Fluminense, clube onde você foi revelado, costuma assistir aos jogos?
LI: Sempre assisto aos jogos do Fluminense e das outras equipes. Quando não consigo ver por causa do fuso horário, gravo e assisto depois. Estou sempre bem informado sobre o futebol brasileiro.
CF: Apesar do pouco tempo aí, já pensa em voltar? Recebeu alguma sondagem?
LI: Por enquanto não penso em voltar. Penso em seguir na Europa por mais um tempo, depois em retornar ao futebol brasileiro. Ando recebendo algumas sondagens e se a proposta for boa, retorno sem problemas.
CF: E para a gente terminar, queria que você dissesse qual foi o momento mais marcante desde que está na Suíça.
LI: Foi o meu gol de bicicleta que ganhou o mais bonito da Europa. (veja o vídeo acima)
Críticas, dúvidas e sugestões: fiusa.caio@gmail.com
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